O presidente Jair Bolsonaro nunca respeitou a história e a dignidade dos povos indígenas, nativos desses trópicos que foram expropriados e submetidos a inúmeras barbaridades, inclusive a escravidão, desde a chegada dos portugueses no território que mais tarde viria a ser batizado de Brasil.
A Constituição de 1988, que em muitos aspectos é uma das mais progressistas do mundo e alvo permanente e prioritário do ódio das forças de direita e extrema direita, reconheceu os direitos das comunidades nativas, destacadamente à terra, bem como a necessidade de preservar sua cultura e protegê-los, como parte destacada dos Direitos Humanos.
Negação dos Direitos Humanos
O neofascismo de Bolsonaro, porém, é a negação dos Direitos Humanos e, por extensão, da Constituição Cidadã promulgada em 1988. E não é de hoje que o ex-deputado do baixo clero, com obscuras ligações com a milícia carioca, manifesta hostilidade e intolerância em relação aos índios.
Um discurso que pronunciou na Câmara Federal em 15 de abril de 1998, quando ainda integrava a bancada do PPB (atual PP), foi adornado com a seguinte pérola: “A cavalaria brasileira foi muito incompetente. Competente, sim, foi a cavalaria norte-americana, que dizimou seus índios no passado e hoje em dia não tem esse problema em seu país”.
Pode parecer Fake News, mas não é. O inacreditável conteúdo foi publicado no Diário Oficial da Câmara no dia seguinte.
O projeto enviado pelo Palácio do Planalto à Câmara Federal a título de regulamentar a exploração econômica das reservas indígenas está em sintonia com as concepções reacionárias do chefe do Executivo, fundadas na negação da cultura indígena, que o neofascista quer dizimar a qualquer custo, como sugeriu ao enxergar “competência” na matança promovida pela cavalaria estadunidense. O índio não é um problema para o Brasil, como sugere o arrogante ex-capitão.
O pensamento de Bolsonaro e da extrema direita brasileira é a expressão atual da barbárie em contraposição aos valores que, bem ou mal, hoje orientam o cidadão de bom senso e a civilização humana. Por isto, é objeto de repúdio e horror em todo o mundo.
A imagem do Brasil no exterior está hoje mais suja que puleiro de galinha e diplomatas decentes do Itamaraty padecem de depressão e estão sendo perseguidos por se opor aos desígnios obscuros do ministro Ernesto Araújo, um discípulo do guru do Palácio do Planalto, o astrólogo alucinado Olavo de Carvalho.
Além da ofensiva contra os Direitos Humanos, os direitos sociais, a Constituição e a democracia, a política externa e a soberania nacional foram sacrificadas no altar do imperialismo norte-americano. “O patrimônio nacional está sendo dilapidado”, resumiu um dos diplomatas ouvidos pelo jornal francês Le Monde.
É indispensável resistir e ampliar a mobilização em defesa dos direitos do nosso povo, conquistados com muitas lutas, da democracia, da soberania e do bem estar social.
Umberto Martins