Cantora Iza denuncia racismo estrutural no Domingão do Faustão; assista

Por Marcos Aurélio Ruy

Durante o quadro “Arquivo Confidencial”, do Domingão do Faustão, neste domingo (12), a cantora Iza denunciou o racismo estrutural e o assédio sofrido pelas mulheres nas ruas, no transporte público, no ambiente de trabalho, em todos os lugares.

De acordo com a cantora, antes de ficar famosa, quando “ia para o meu trabalho e sofria cantada pelo caminho”. E todas as mulheres passam por isso todos os dias, denunciou a cantora carioca. Ela foi mais fundo ainda ao falar sobre racismo. Para ela, “A gente precisa se ver nos lugares para saber que a gente pode estar onde quiser estar”.

Quando o apresentador falou sobre meritocracia, ela respondeu que “existe uma lacuna social de oportunidades e de preenchimento de vagas muito grande” porque o mercado de trabalho precisa “olhar para nós (negros) como pessoas capazes”.

Assista o desabafo de Iza

https://www.youtube.com/watch?v=xrHVvVD01Uw

Para Mônica Custódio, secretária da Igualdade Racial da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), “é muito importante quando uma artista popular se posiciona contra o racismo para chamar atenção da sociedade sobre essa perversidade”.

Ela lembra que em dezembro passado, a Advocacia-Geral da União enviou parecer ao Supremo Tribunal Federal contra a possibilidade de estados e municípios criarem feriados da Consciência Negra, com a alegação de que somente a União e o Congresso podem fazer isso e que esse feriado pode interferir nas relações de trabalho.

“Não tem novidade nesse tipo de atitude desse governo, que nunca escondeu seu cunho racista, machista, e LGBTfóbico”, por isso “quer varrer da sociedade toda e qualquer referência das vitórias constituídas na última década”, acentua. “Na história de nosso país nunca o racismo foi tão aberto e apoiado por um governo”.

O Dia Nacional da Consciência Negra foi criado em 2003 em homenagem a Zumbi, último e mais importante líder do Quilombo dos Palmares, que durou cerca de um século. A data escolhida foi 20 de novembro porque nesse dia, em 1695, Zumbi foi morto e o quilombo aniquilado na maior força bélica empreendida pela corte portuguesa para pôr fim à revolta contra o escravismo. A instituição oficial da data ocorreu pela Lei 12.519, de 2011.

Os setores reacionários da sociedade sempre questionaram essa data, tanto que não é um feriado nacional, cabendo a cada município ou estado oficializá-lo. Pouco mais de mil dos mais de cinco mil municípios e apenas cinco estados instituíram o feriado do Dia Nacional da Consciência Negra.

“Negar o dia 20 de novembro, vai para além de negar a história da população negra no Brasil, é negar também toda uma política de Estado desenvolvida em governos democrático. É reafirmar a política do atraso e do fascismo”.

“Por que será que a violência contra as populações chamadas de minorias aumentaram tanto nos últimos 2 anos?”, questiona Mônica. “Quem vai pensar em salário igual para trabalho igual num cenário de desalento, desemprego e precarização do trabalho?”

A sindicalista carioca reafirma a luta antirracista. “A população negra, maioria no país, seguirá resistindo, se reinventando e lutando por direitos. Queremos viver toda a nossa plenitude com igualdade de oportunidades para construirmos a igualdade no futuro”.