Ouça a cobertura da greve geral na França. Deflagrada por várias categorias, a paralisação por tempo indeterminado chega nesta quarta-feira ao 7º dia com manifestações em dezenas de cidades. Os grevistas exigem a retirada da proposta de reforma da Previdência do governo Macron, que sacrifica trabalhadores e trabalhadoras com regimes especiais de aposentadoria e introduz o sistema de capitalização.
O movimento atual lembra a greve geral de longa duração deflagrada pela classe trabalhadora em dezembro de 1995, que acabou derrubando o gabinete do primeiro ministro Alain Juppé e derrotando seu projeto de reforma da Previdência, que entretanto ainda continua frequentando os sonhos da burguesia e dos governos a ela alinhados, como é o caso do neoliberal Macron, que preside a França 24 anos depois do fracassado Juppé e parece não ter compreendido bem a lição.
É alarmante o contraste entre a reação enérgica do proletariado francês à iniciativa reacionária do governo neoliberal de Macron e a relativa passividade com que a classe trabalhadora brasileira engoliu a mudança nas regras da aposentadoria proposta pela dupla Bolsonaro/Guedes e aprovada no Congresso.
Conforme observou, em nota, o presidente da CTB, Adilson Araujo, “a greve geral atesta o imenso poder da classe trabalhadora, pois nada funciona sem o esforço produtivo da força de trabalho e a produção simplesmente é interrompida pela vontade unificada da classe, o que de resto também evidencia o caráter parasitário da burguesia, que nada produz mas se apropria dos lucros gerados pelo trabalho e se constitui em classe dominante no capitalismo. Diante da paralisação ela fica impotente e é obrigada a recuar”.
“Deste modo”, prossegue, “a batalha de classes eleva e ilumina a consciência de classe e revigora a fé no poder da luta operária. A unidade e energia do proletariado francês há de dobrar o governo Macron, derrotando a sua reacionária iniciativa, e deve servir de exemplo à classe trabalhadora brasileira, merecendo, além da nossa admiração, a ativa solidariedade da CTB e demais centrais brasileiras”.