As últimas duas semanas foram marcadas por protestos diários contra o governo do presidente Iván Duque, vinculado à direita neoliberal e aos EUA
Adicionando mais tensão à caótica situação política colombiana, nesta quarta-feira (4) diversos setores sociais prometem paralisar o país na terceira greve geral realizada em menos de 15 dias. A Central Unitária dos Trabalhadores da Colômbia rejeitou o pedido do presidente Iván Duque de suspender o novo movimento.
Espelhados no Chile, protestos diários vêm tomando as ruas da Colômbia contra as políticas econômicas e sociais do governo reacionário. Em 21 de novembro, inúmeros serviços foram paralisados na capital (Bogotá) e no resto do país na primeira greve geral contra o governo.
O assassinato de um jovem de 18 anos atingido por um artefato lançado pela polícia em um protesto causou uma segunda greve geral no último dia 27. Na ocasião, além das antigas demandas, que incluem questões como o acesso a postos de trabalho e a direitos sociais, os manifestantes passaram a pedir, também, a extinção da chamada polícia antimotim.
Falso diálogo
As vésperas da segunda greve geral do dia 27, Iván Duque ensaiou um recuo e anunciou, sem sucesso, um pacote de migalhas sociais para aliviar a pressão popular e chegar a um acordo. Entre as propostas estão a suspensão da cobrança do IVA (Imposto sobre Valor Agregado) por três dias a cada ano, a começar em 2020, e a restituição do IVA pago por famílias vulneráveis, que o governo estima corresponder a 20% da população da Colômbia.
Duque também convidou representantes de diversos setores sociais para o que chamou de “Grande Diálogo Nacional”. Tentando contornar o caos político, o presidente vem recebendo na sede do governo líderes de eixos como crescimento, transparência, educação, paz, meio ambiente, e combate a corrupção e fortalecimento das instituições. É uma tática diversionista que não convenceu o povo.
O comitê de paralisações não aceita que as demandas das ruas sejam setorizadas em eixos como vem fazendo o governo. Essa semana, Duque informou que seu governo lançará uma plataforma digital para receber propostas de cidadãos para o país. A fórmula de muito diálogo e pouca mudança concreta, no entanto, não conseguiu evitar uma terceira greve geral, deixando o futuro da Colômbia e do governo na incerteza.
O povo se levantou contra o pacote de medidas neoliberais do governo – subordinado às imposições do FMI e da OCDE – e pelo efetivo cumprimento do Acordo de Paz na Colômbia, assinado com as FARC-EP, que Duque (sob orientação do ex-presidente Uribe e de Washington) violou, o que provocou o rearmamento da guerrilha.
O regime oligárquico colombiano continua perpetrando crimes contra a vida de dirigentes e ativistas políticos, sindicais e sociais, representantes dos povos indígenas, ex-guerrilheiros e defensores dos direitos humanos. O governo de Iván Duque é cúmplice dos assassinatos.
A enérgica reação da classe trabalhadora e do povo colombianos à barbárie que o governo neoliberal vem promovendo no país é exemplar e, assim como o levante popular no Chile, merece total solidariedade da CTB, dos movimentos sociais e das forças democráticas e progressistas do Brasil.