Pobres, pretos, favelados, são alvo de assassinos fardados a mando de nazistas com poder.
Com o brilho de sempre, Malu Aires relata nosso fracasso como nação civilizada em dois momentos.
Este, logo abaixo, foi quando os laudos revelavam os assassinatos.
O outro, quando ainda se dizia que ação tinha sido ” desastrosa”, Malu cravou:
Foi crime premeditado.
Toda a população de Paraisópolis viu, ouviu, sofreu e filmou a ação criminosa do Doria.
Quando Doria (o mesmo que sugeriu, enquanto prefeito, dar ração pras crianças na escola) diz que vai mandar averiguar o crime que ele cometeu, ele quer dizer aos 80 mil moradores de Paraisópolis, que sua retaliação contra os pobres, terá todo o rigor e terror dos seus capangas uniformizados.
São 9 assassinatos.
Alguns laudos já apontam “morte por asfixia mecânica”.
Os jovens que eles não mataram com mata-leão, mataram com surra.
Qual o crime da molecada, em sair no sábado, dar um rolê com os amigos do bairro, da escola, perto de casa?
Doria não vai explicar pras 9 famílias, porque matou os filhos delas.
A PM não tem como explicar aquele ataque de selvageria que vimos em várias imagens.
No QG Federal da milícia, ninguém diz nada porque esse é o tipo de tratamento que Sergio Moro quer pra qualquer cidadão do país.
Sem mandato, um policial poderá invadir tua casa, escola, te matar na frente de todo mundo e ficar por isso.
Qualquer “cidadão de bem” poderá encomendar seu crime, pro guardinha da esquina, por 1 café e uma coxinha.
São Paulo recebeu de presente da elite, um prefeito do Morumbi. A elite, 2 anos depois, deu pra São Paulo um governador do Morumbi com um pelotão de assassinos treinados.
Os bilionários, caloteiros de IPTU e impostos, mandam. Quem paga?
O problema de SP não é “despreparo da polícia”. É problema de um estado de putrefação moral, dessa gente que não faz economia pra perversidade.
De gente muito rica que ordena o massacre de Paraisópolis à gente muito pobre de espírito, que só vota e paga imposto, se for pra contratar assassinos.
“Sem lazer, sem educação garantida, sem oportunidade de desenvolvimento pessoal, marginalizada porque é pobre, proibida de ir e vir com liberdade e segurança, a juventude da periferia foi acuada nos becos.
Cruzar a cidade é ato proibido a um jovem da periferia.
Acuada, a juventude criou ali seus laços, sua moda, sua linguagem e sua música. Música exportada pro mundo todo que anima festas das coberturas mais luxuosas do país e as festas das praias mais badaladas.
A juventude que apresentou ao mundo Anitta e tantas centenas de funkeiros, foi chamada pra uma armadilha, acuada e morta, com requintes de crueldade. A música que a classe A e B dança, só não pode ser dançada pela classe C que inventou a cantoria.
A molecada trabalha, estuda, cria e, no fim de semana, só quer se divertir, como todo moleque da idade deles que nunca precisou trabalhar pra ouvir funk no condomínio chique.
As drogas? Os baseados que rolam? Coisa mais comum onde os filhos das classe A e B se reúnem.
Todo bairro nobre tem um traficante morando numa cobertura, estudando em colégio caro.
Manda o filho do delegado ou do juiz abaixar o som, pra você ver…
O que aconteceu em Paraisópolis, é rotina nas periferias de todo o país, não importa se haja pancadão ou o mais absoluto silêncio nos becos.
Em São Paulo, pegam os jovens reunidos. No Rio, as crianças indo pras creches, os trabalhadores nos pontos de ônibus.
Aqui em BH, pegaram um jovem capinando um lote da Igreja. Ele foi mostrar a roupa suja de terra, as mãos de trabalhador, levou uma rasteira e um mata-leão. Morreu no local, após a PM dar um último chute na vítima, se certificando da morte.
“A PM não está preparada…” – a PM está mais que preparada para matar.
Cada coronel mobiliza centenas de unidades assassinas e, a mando de governadores assassinos, viaturas saem, oferecendo ao povo a barbárie, o terror e a violência, antes que este povo reclame do preço do botijão, do feijão, do transporte, da água (que não tem), da luz (que não tem), do preço da carne.
O governador decretou: pobre está proibido de fazer churrasco na laje, ao som de Ludmilla ou MC Gui.
Na noite do último sábado, a juventude de Paraisópolis, abandonada pelo Estado, fez uma festa que atraiu 5 a 10 mil jovens.
A juventude não entende e nem aceita que o Estado proíba o seu lazer. Ela cria seu próprio lazer. O Estado quer via livre pra matar e silêncio pros pobres ouvirem os tiros do “toque de recolher”.
O Estado entra pra matar. Não entra pra distribuir energia, saneamento, moradias, cursos técnicos, centros culturais, escolas, creches… O Estado só entra para extorquir, ameaçar, atirar e humilhar.
Estava tudo em paz, a molecada em turma, se divertindo, a juventude namorando, dançando, ocupando a rua porque a juventude quer liberdade, não ficar presa, sábado a noite, num casebre de 30m², assistindo TV.
Estava tudo em paz, até aparecer o Estado e seus assassinos.
Protegidos pelo governador, sob ordem do coronel, os assassinos fardados estão autorizados a matar e se divertem.
Em Paraisópolis, pra satisfação do Governador, provocaram 9 mortes e mais de 100 feridos.
Toda chacina tem uma justificativa do Estado que garante a confissão de culpa: “retaliação”.
Em Santo André, mataram o menino Lucas Martins dos Santos, de 14 anos. A família foi procurar o paradeiro do menino e a polícia mandou prender a mãe dele, como “retaliação”.
Mataram Ágatha Vitória Sales Félix, de 8 anos, e foram no IML roubar as balas e perícia do corpo da menina.
Mataram Marielle Franco e Anderson Gomes e, há 1 ano e 9 meses, o Estado impede que se cheguem nos mandantes.
Porque o mandante é o Estado.
O Estado está matando os filhos das trabalhadoras e dos trabalhadores desse país.
A ação não foi “desastrosa” – foi crime premeditado.
Toda a população de Paraisópolis viu, ouviu, sofreu e filmou a ação criminosa do Doria.
Quando Doria (o mesmo que sugeriu, enquanto prefeito, dar ração pras crianças na escola) diz que vai mandar averiguar o crime que ele cometeu, ele quer dizer aos 80 mil moradores de Paraisópolis, que sua retaliação contra os pobres, terá todo o rigor e terror dos seus capangas uniformizados.
No Chile, o naziliberalismo acuou a juventude na pobreza planejada pela elite, por 40 anos.
A polícia, sob as ordens do Estado, já arrancou mais de 200 olhos de jovens chilenos, matou centenas de jovens e as viaturas passam raptando e estuprando meninos e meninas, rapazes e moças, em plena luz do dia.
O nazibileralismo odeia a juventude latino-americana.
Como “retaliação” à vida e à liberdade das pessoas que sofrem com o desemprego, diminuição de renda e oportunidades, o Estado naziliberal autoriza o genocídio do reclamante.”
Por Malu Aires,
Via Vi o Mundo