Durante uma coletiva de imprensa na capital mexicana, Morales reiterou que “se a Assembleia rejeitar minha renúncia, ainda sou presidente” do país, agora submerso em uma das mais graves crises institucionais e políticas após o golpe de estado de 10 de novembro.
O líder indígena, que recebeu asilo político no México após renunciar para evitar uma escalada de violência, lamentou que até ontem houvesse 30 mortos devido a ferimentos a bala.
As cidades de La Paz, El Alto e Cochabamba atualmente concentram as maiores manifestações em apoio a Morales. Somente em Sacaba (Cochabamba) houve nove mortos na semana passada e em El Alto cinco no dia anterior por causa da forte repressão, informou a mídia boliviana.
“Isso lembra os tempos das ditaduras militares”, disse Evo ao qualificar como genocídio a repressão desencadeada pelo governo golpista que chefia a autoproclamada presidente Jeanine Áñez.
Morales pediu a pacificação e confessou sentir dor ao ver como tudo o que seu governo fez para fazer crescer o país andino-amazônico está sendo destruído em apenas alguns dias pelas autoridades golpistas.
Quanto a uma eventual convocação de eleições por decreto, o ex-governador alertou que isso seria contrário à Constituição.
Ele reiterou que venceu de forma limpa nas eleições de 20 de outubro, mas não se opõe à realização de uma nova jornada eleitoral.
O Movimento ao Socialismo (MAS), com maioria na Assembleia Legislativa Plurinacional da Bolívia, deve considerar em breve as cartas de demissão de Evo e do vice-presidente Álvaro García Linera, procedimento que foi violado pelas autoridades golpistas em exercício.
A senadora Áñez assumiu o poder em uma sessão sem quórum e na qual as cartas de Morales e García Linera não foram lidas.
Alguns observadores apontam que o MAS poderia rejeitar ambas as cartas de demissão e, assim, tratar de cancelar o golpe de estado pela via parlamentar.
Via Prensa Latina