O jornalista Glenn Greenwald, do The Intercept Brasil, foi agredido fisicamente pelo colunista da Jovem Pan Augusto Nunes. Ambos estavam ao vivo no programa Pânico. O encontro não havia sido anunciado previamente, segundo Glenn. Ele foi ao programa sem saber que Augusto, com quem tem antigas divergências, estaria no programa. O jornalista brasileiro acertou um tapa no norte-americano após ser chamado de covarde por ele.
Glenn iniciou sua participação, ressaltando que foi surpreendido com a presença de Augusto Nunes, mas que, por não se negar a dialogar com ninguém, aceitaria permanecer no programa. O editor do Intercept relembrou que o jornalista da Jovem Pan já o havia destratado outras vezes. E que, em uma dessas ocasiões, chegou a dizer que os filhos adotivos de Glenn com o deputado David Miranda (Psol-RJ) deveriam voltar para o abrigo e os pais perderem a guarda.
“Nós temos muitas divergências políticas e eu não tenho problema nenhum em ser criticado pelo meu trabalho e eu critico ele também. Mas o que ele fez, ele disse neste canal, Jovem Pan, foi a coisa mais feia e mais suja que eu já vi em toda minha carreira de jornalista”, iniciou Glenn.
“Ele disse que um juiz de menores deveria investigar nossos filhos e decidir se nós deveríamos perder nossos filhos, que eles deveriam voltar para um abrigo. Com base nenhuma. Acusando que nós estamos abandonando, fazendo negligência dos nossos filhos. Foi a coisa mais nojenta que eu vi na minha vida”, disse. “Eu quero saber se você acredita ainda que um juiz de menores deveria investigar nossa família com possibilidade de tirar nossos filhos da nossa casa e devolver eles para o abrigo, sem pai e sem mãe. Sem família nenhuma. Você acredita nisso?”, perguntou a Augusto.
O jornalista da Jovem Pan rebateu acusando Glenn, o que já havia feito em outras ocasiões, de ter divulgado material roubado, em uma referência às conversas da Vaza Jato que o Intercept Brasil tem divulgado. “Essa é a prova de que o Brasil criou o faroeste à brasileira, né? Quem tem que se explicar, quem comete crimes é que fica cobrando quem age honestamente. Ouçam o que eu disse. Primeiro, vocês ainda vão perceber que ele não sabe identificar ironias. Não sabe identificar um ataque bem humorado. E eu convido ele a provar em que momento eu pedi para que algum juizado fizesse isso. Eu disse apenas que o companheiro dele passa o tempo em Brasília e ele passa o tempo todo lidando com material roubado e eu falando ‘quem é que vai cuidar dos filhos?’, era isso. Aí é isso que ele transformou…”, defendeu-se o colunista brasileiro.
Nesse momento Gleen interrompeu e disse para Augusto que ele era um covarde: ” Você é um covarde, você é um covarde, você é um covarde”.
Augusto Nunes disse para o jornalista norte-americano não repetir a frase. Em seguida, o colunista da Jovem Pan tentou dar um tapa no rosto do Glenn, que o segurou. A equipe tentou afastar ambos. Augusto acertou um tapa no rosto de Glenn. “Eu te mostro quem tem coragem ou não”, disse Augusto.
O editor do Intercept tentou revidar e dar um murro no rosto de Augusto, que aparentemente pegou de raspão. “Aqui não vai chamar de covarde não, ô babaca”, gritou Augusto. Glenn voltou a chamá-lo de covarde. “Covarde, mas você apanhou na cara”, retrucou o brasileiro.
A emissora chamou o intervalo e ao retornar o programa, sem a presença de Augusto Nunes, o departamento de jornalismo da Jovem Pan pediu a Glenn que não comentasse mais o assunto para não citar o nome do “prestigiado jornalista Augusto Nunes” que não estava mais lá para se defender.
Glenn perguntou se a emissora acreditava que o uso da força física neste contexto seria justificável. “Claro que não. Lógico que não, né Glenn. Não queira você também agora querer se fazer aqui”, respondeu Emílio Surita, âncora do programa. “É uma coisa que aconteceu. Chamou o cara de covarde, e ele perdeu a estribeira. Não venha também querer se fazer aqui. Se não também vamos fazer aqui, e aqui é oito [apresentadores], não vem não, pô”, disse em tom de brincadeira o apresentador. Na sequência os apresentadores pediram desculpas.