Por Francisca Rocha
Os dados sobre violência doméstica e maus-tratos de crianças estampam as notícias dos jornais quase que diariamente. Por isso, o Dia das Crianças deste ano deve servir para uma profunda reflexão sobre o país que queremos para as nossas filhas e filhos.
Queremos legar um futuro baseado na ignorância, no ódio e na violência ou desejamos que nossas filhas e filhos se tornem adultos felizes, conscientes de suas responsabilidades e de seus direitos. Um futuro de paz, amor e de respeito ao outro, ao diferente para dessa forma todas as pessoas poderem ser felizes e terem uma vida decente.
E para conquistarmos o país dos nossos sonhos se faz necessário resistirmos aos tempos sombrios que vivenciamos para superar a injustiça, o aumento da desigualdade e o não saber. A nossa luta se faz por uma escola que atenda as necessidades de nossa infância e os anseios da comunidade escolar e proporcionar a chance de um futuro mais digno a todas e todos.
Defender que não haja nenhuma criança em idade escolar fora da escola é altamente revolucionário num Estado dominado por gente que despreza o saber e a educação pública, retirando o sonho de milhões de famílias em ver seus filhos formados e plenos para reunir condições de levar uma vida melhor do que os seus pais tiveram.
Para uma infância feliz é essencial que as crianças sejam protegidas por seus familiares e pelo Estado para não viverem em meio a agressões que as transformem em adultos também violentos. As crianças precisam brincar, sonhar, soltar a imaginação em suas fantasias e dessa forma alimentar a criatividade.
As crianças precisam de levar uma vida de saúde com atendimento médico e odontológico e assim crescerem saudáveis. Precisam de ter a possibilidade de estar em parques, muitos parques para brincarem com outras crianças.
Precisam muito da escola para que aprendam a conviver com adultos e outras crianças sem medo e coma segurança de poder expressar-se livremente e externar suas vontades, seus desejos sem repressão.
Mas precisam muito, muito mesmo, de afeto. Precisam ter uma vida cercada de carinho e de respeito, viver com segurança, sem ter a sua infância violada. “Toda criança é um artista”, como definiu bem o pinto espanhol Pablo Picasso.
Secretária de Assuntos Educacionais e Culturais do Sindicato dos Professores de Ensino Oficial do Estado de São Paulo (APEOESP), secretária de Saúde da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Educação (CNTE) e dirigente da Central dos Trabalhadores e das Trabalhadoras do Brasil (CTB-SP).