Comitê brasileiro, que conta com a participação da CTB, entregou as primeiras assinaturas ao cônsul-geral venezuelano na manhã de sexta-feira (23).
Por Marcos Hermanson, no Brasil de Fato
Representantes do Comitê Brasileiro pela Paz na Venezuela se reuniram com o cônsul-geral venezuelano em São Paulo (SP), Manoel Vadell, para a entrega de um documento com assinaturas de brasileiros pedindo o fim do bloqueio econômico imposto pelo governo estadunidense ao país caribenho.
O ato simbólico marcou o início da mobilização #NoMasTrump em território brasileiro. Conduzida solidariamente por comitês no mundo todo, a iniciativa pretende juntar 13 milhões de assinaturas e apresentá-las na próxima assembleia geral da ONU, dia 17 de setembro.
Vadell agradeceu a entrega das assinaturas e se disse solidário também à situação vivida pelo povo brasileiro. Sobre a Venezuela, ele explicou que o país atravessa o momento mais difícil desde o início do embargo imposto pelos EUA, em 2015, mas “mesmo com todas as dificuldades, seguem resistindo contra a ofensiva imperialista”.
“O discurso imperialista diz que a revolução bolivariana faz o povo da Venezuela passar fome, e é totalmente mentiroso. Há um bloqueio criminoso que aposta em submeter a população venezuelana a condições de necessidades atrozes para que ela derrube um governo legitimamente eleito. Só que eles nunca contaram com a força, a preparação e a consciência do povo venezuelano”, afirmou o representante diplomático.
Contra as sanções e ameaças de Trump
Na semana passada, Donald Trump anunciou o bloqueio de todos os ativos e bens do governo venezuelano em território estadunidense, somando US$ 30 bilhões. A medida impacta também países e empresas privadas que tenham negócios com a Venezuela, agora ameaçadas por sanções. Para um país que importa cerca de 70% de seus alimentos, os efeitos do embargo são devastadores.
Mais recentemente, o mandatário republicano ameaçou impor à Venezuela um bloqueio naval, sufocando completamente a entrada de todo tipo de mercadorias no país, inclusive remédios, comida e matérias primas.
Paola Estrada, representante da ALBA Movimentos – entidade que reúne organizações populares das Américas – contou que no dia em que as primeiras assinaturas da campanha #NoMasTrump foram colhidas, o abaixo-assinado chamou atenção tanto de venezuelanos quando de brasileiros, muitos deles descontentes com o governo Jair Bolsonaro (PSL) e sua submissão ao imperialismo estadunidense, ainda que uma parcela destes não se declarasse apoiadora de Nicolás Maduro.
Também presente na reunião, a estudante Lígia Fernandes, da União da Juventude Comunista (UJC), falou em mobilizar as forças da União Nacional dos Estudantes (UNE), levando a entidade para escolas e universidades de todo o país e dialogando com a juventude sobre a defesa da soberania e da democracia na Venezuela.
Fernandes esteve na Venezuela em duas ocasiões e diz que pôde testemunhar o apoio do povo ao governo Maduro. “O maior acúmulo da revolução bolivariana foi o avanço da consciência da classe trabalhadora venezuelana e das experiências de organização popular. Esse acúmulo fez com que um programa anti-povo e entreguista não seja acatado pela maioria [da população]”, explica.
Nos próximos dias, comitês organizados em outras regiões do país devem realizar atividades de conscientização e seguir colhendo assinaturas contra o bloqueio econômico, pela paz e em defesa do direito de autodeterminação do povo venezuelano.