O jornalismo brasileiro ficou mais pobre

A morte de Paulo Henrique Amorim, aos 77 anos, na madrugada desta quarta-feira (10) deixa um vácuo no jornalismo brasileiro. Vítima de um infarto fulminante no Rio de Janeiro. Amorim trabalhou nos veículos mais influentes da mídia nacional, inclusive Rede Globo. Conheceu de perto os barões da comunicação, frequentou seus bastidores e tornou-se um crítico afiado e mordaz do chamado quarto poder, tema que lhe inspirou um livro e inúmeras crônicas.

Ao longo dos últimos anos destacou-se na defesa da democracia e no combate e desmascaramento das forças conservadoras, que no Brasil possuem um DNA golpista e detêm um monopólio quase absoluto sobre os meios de comunicação. Foi um firme aliado da classe trabalhadora na luta em defesa dos direitos sociais e contra retrocessos como os embutidos na reforma trabalhista de Temer, terceirização irrestrita, congelamento dos gastos públicos e a famigerada reforma da Previdência de Bolsonaro. Por suas posições corajosas e independentes foi afastado recentemente do programa “Domingo espetacular”, da TV Record, propriedade privada do bispo Edir Macedo, um farsante que explora a religiosidade popular, aliado de Jair Bolsonaro.

Na internet, Paulo Henrique Amorim editava o site Conversa Afiada. recheado com comentários irreverentes e ácidos contra as patacoadas da direita e as manipulações mediáticas. O jornalismo brasileiro fica mais pobre sem ele. As forças progressistas perdem mais. A morte levou hoje uma das vozes mais fortes e convincentes contra o pensamento único dominante, que vende gato por lebre, semeia o ódio de classes, manipula os fatos e teve papel determinante na glorificação da Lava Jato, no golpe de 2016, na prisão de Lula e eleição do neofascista Jair Bolsonaro.

Sem a pena destemida de PHA fica também mais difícil travar o bom combate contra a mídia hegemônica, dominada por uma meia dúzia de famílias burguesas, por sinal riquíssimas. Mas a luta prosseguirá e o grande jornalista que se foi seguirá nos inspirando com seu exemplo de valentia e retidão. Não temos os meios e recursos das classes dominantes para a guerra ideológica cotidiana. Mas temos ao nosso lado a verdade dos fatos e esta acabará por se impor na história.
 

Umberto Martins

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