Por Altamiro Borges
“Seu ódio não é bem-vindo aqui”. Com essa palavra-de-ordem estampada em faixas e cartazes, milhares de argentinos foram às ruas de Buenos Aires nesta quinta-feira (6) para protestar contra a visita do fascistoide Jair Bolsonaro ao país. Os atos foram organizados por diversas organizações políticas e de direitos humanos e por movimentos sociais e culturais – entre eles, Mães da Praça de Maio Linha Fundadora, Frente de Esquerda e dos Trabalhadores, coletivo Nenhuma a Menos e Central dos Trabalhadores da Argentina.
Logo no início da tarde, houve uma marcha no centro da cidade até a Casa Rosada, sede oficial do governo. No local, tradicional palco de protestos na capital, ocorreu o festival “Argentina Rechaça Bolsonaro”, com a apresentação de vários artistas. Em manifesto, as entidades enfatizaram que “a violência que [Bolsonaro] emite, negando os crimes contra a humanidade das ditaduras, coloca em perigo a continuidade democrática de um dos países com maior peso na nossa América Latina”. O texto ainda ironiza o odiado Maurício Macri, “um dos poucos presidentes no mundo que fariam uma foto” com o fascista brasileiro.
Como relembra o jornal Brasil de Fato, “as reações contrárias à viagem de Bolsonaro começaram desde que ela foi anunciada, ao final de maio. Desde então, passaram a circular nas redes sociais argentinas cartazes com dizeres como ‘seu ódio não é bem-vindo aqui’ e ‘Argentina rechaça Bolsonaro’. No dia 22 de maio, após o anúncio da visita presidencial, a Anistia Internacional enviou carta a Macri em que expressa ‘preocupações em matéria de direitos humanos’. O documento afirma ainda que a ‘retórica hostil’ de Bolsonaro ‘estimula a proliferação de discursos de ódio, polarização e poderiam legitimar violações aos direitos humanos’”.
Nova York, Paris e o vexame mundial
A manifestação desta quinta-feira sinaliza que Jair Bolsonaro virou um pária internacional – o que prejudica a imagem e os próprios negócios do Brasil no exterior. Famoso por sua postura racista, machista e homofóbica, o fascistoide já é motivo de protestos em vários países. Em maio, o presidente brasileiro que bate continência à bandeira dos EUA cancelou presença no “jantar de gala” em sua homenagem em Nova York (EUA). Após muita hesitação, o convescote foi transferido para Dallas, mas também foi esvaziado e virou novo vexame.
Já nesta terça-feira (4), o presidente Emmanuel Macron desistiu de participar do VI Fórum Econômico Brasil-França, em Paris, que teve a presença do general Santos Cruz como o representante do governo brasileiro. O gesto foi encarado por setores da mídia como uma humilhação. Em frente ao local do evento, manifestantes gritaram slogans contra Jair Bolsonaro, a prisão política de Lula e o assassinato de Marielle Franco. Mais de 20 organizações não governamentais francesas exigiram o rompimento de negócios com o governo “fascista” do Brasil. Uma petição contrário ao Fórum Econômico obteve mais de seis mil assinaturas.