Os serviços de transporte público estão parados, não há aulas e nem coleta de lixo. Os voos internos estão cancelados, e a atividade nos portos está parada. Um conjunto de temas é a motivação do protesto: a inflação alta (a previsão é que os preços subam 43,7% no país neste ano), a corrosão dos salários, o acordo que o governo fez com o FMI e outros temas econômicos. Os trabalhadores pedem medidas que proíbam a demissão de trabalhadores e novas regras para negociação de reajustes salariais.
A greve tem ampla adesão, principalmente nos setores de transporte público e bancos. Além das entidades sindicais, organizações sociais e partidos de esquerda participam das mobilizações. O resultado é uma paisagem urbana desértica. Não há ônibus circulando, nem o metrô ou trens funcionam. Todos os voos foram cancelados. Não há aulas. Os hospitais funcionam em regime de plantão.
Também pararam os setores que dependem de transporte, como o da coleta de lixo ou os funcionários que abastecem os caixas eletrônicos com dinheiro. “As máfias já estão agindo”, acusou a ministra da Segurança, Patricia Bullrich.
A paralisação protesta contra a situação econômica angustiante: inflação de 50% ao ano, taxas de juros de referência em torno de 70%. “Vamos trabalhar para consolidar o peronismo como alternativa política”, anunciou o secretário-geral da Confederação Geral dos Trabalhadores (CGT), Héctor Daer.
Perseguição
Enquanto gozou de popularidade durante os dois primeiros anos de governo, o presidente direitista Mauricio Macri atacou as organizações sindicais e ensaiou uma “reforma” trabalhista que não avançou. Como no Brasil setores politiqueiros da Justiça passou a perseguir sindicalistas.
No último ano, com a queda vertiginosa da popularidade de Macri associada à catástrofe econômica que levou o país a um acordo com o FMI, o sindicalismo reagrupou-se contra o governo, amparado na forte perda do poder aquisitivo a partir de reajustes salariais que não acompanharam a velocidade de uma inflação que duplicou.
“Esta greve é contra a política econômica do governo, decidida pelo FMI, que beneficia o setor financeiro”, disse Daer. E ressaltou: “Tem de haver outro governo que discuta outro plano com o FMI. Eu e a imensa maioria dos trabalhadores vamos apoiar a chapa Fernández-Fernández (Alberto Fernández e Cristina Fernández de Kirchner)”.
A ex-presidente enfrenta feroz perseguição política dos setores politiqueiros do Judiciário. Há dois pedidos de prisão preventiva que só não são executados devido à imunidade parlamentar, privilégio do seu atual cargo como senadora. “É preciso parar um pouco com essa coisa de julgar primeiro na imprensa e depois esse julgamento não tem correlato nos tribunais”, defendeu Héctor Daer.
Com informações da Rádio França Internacional