Não há uma só categoria da classe trabalhadora que não seja prejudicado pela proposta de reforma da aposentadoria do governo Bolsonaro e esteja profundamente indignada com ela, mesmo aqueles em que a maioria dos integrantes votou no capitão, iludida com seus falsos discursos em defesa dos profissionais responsáveis pela segurança.
A reforma “vai levar a um colapso na segurança”, segundo um líder da categoria. As ações dos policiais começam nos estados. Objetivo é levar 5 mil para grande ato em Brasília no dia 21. Eles criticam ainda o ministro Sérgio Moro por não defender com ênfase o pleito das categorias junto às autoridades do governo na área econômica.
Representantes da Polícia Civil, da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal no Rio Grande do Sul já realizaram na manhã de terça-feira (7), em Porto Alegre, um protesto contra a proposta do governo. Durante o ato, que sucedeu assembleia unificada das categorias realizada na Casa do Gaúcho, lideranças sindicais destacaram que a reforma vai afetar as categorias com aumento da idade mínima e das alíquotas tributárias — o que foi chamado de confisco salarial no ato –, e traçaram um paralelo entre a proposta do governo para as forças de segurança e para os militares, que conseguiram manter suas regalias. “Se a reforma não é boa para os militares, não é boa para as polícias. Nós, que arriscamos a vida todos os dias, queremos a mesma Previdência dos militares”, diz Isaac Ortiz, presidente do Ugeirm, sindicato dos policiais civis do RS.
No dia 13, algumas das categorias preveem ações ainda não definidas nos estados e, no dia 21, esperam reunir cerca de 5 mil profissionais de segurança na capital federal.
“Essa reforma vai levar a um colapso na segurança pública nacional caso não haja uma consideração, um tratamento igualitário entre as diversas categorias de segurança pública com os policiais militares em relação a algumas regras. Primeiro, é fundamental que sejam reconhecidos os fatos intrínsecos de risco e que nenhuma categoria possui: insalubridade, penosidade e risco de vida. O policial tem o deve legal de enfrentar o perigo”, disse o presidente do Sindepes (Sindicato dos Delegados de Polícia Civil do Espírito Santo), Rodolfo Laterza, que integra a UPB.
A UPB (União dos Policiais do Brasil), uma frente que reúne 28 das principais entidades do setor no país, incluindo delegados, peritos criminais, agentes, papiloscopistas, escrivães, guardas municipais e de trânsito e policiais rodoviários e legislativos, começou nesta segunda-feira (6) a abordar parlamentares federais nos aeroportos do país.
Os policiais discordam, entre outros pontos, das regras para aposentadoria e do valor de pensão para familiares de policiais mortos e feridos.
“A reforma está fazendo um estrago muito grande entre os policiais. O presidente Bolsonaro sempre disse que os policiais devem ser mais bem tratados no país. Se ele vai começar acabando com a nossa aposentadoria, é muito difícil entender a motivação”, disse o presidente da ADPF (Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal), Edvandir Paiva.