Após falar ao jornalista Florestan Fernandes e à colunista do jornal Folha de S.Paulo Mônica Bergamo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva concedeu nova entrevista à imprensa, desta vez ao jornalista Kennedy Alencar, nesta sexta-feira pela manhã. O ex-presidente foi para a cadeia em abril do ano passado no âmbito da Operação Lava Jato após ser condenado sem provas no processo do triplex do Guarujá (SP), uma sentença contestada por vários juristas. Preso político, Lula continua recebendo solidariedade dentro do fora do Brasil. Alguns trechos serão exibidos hoje à noite no jornal da Rede TVNews e a íntegra será transmitida em primeira mão pela BBC.
De acordo com o líder do PT na Câmara dos Deputados, Paulo Pimenta (RS), a entrevista que Lula havia concedido após mais de um ano preso teve “mais de 10 milhões de visualizações”. “O El Pais, da Espanha, com este vídeo da entrevista, teve o vídeo mais visualizado de sua história”, afirmou. Florestan integra a equipe do jornal espanhol no Brasil.
O parlamentar aproveitou para bateR duro na principal emissora de televisão do País. “A Rede Globo, concessão pública, não faz nenhum registro (da entrevista de Lula). Não dedica um segundo para ao menos divulgar a matéria. Não se trata nem de gostar ou não do Lula, mas existe algo chamado interesse jornalístico. Será que toda a imprensa do mundo estava errada e a Globo estava certa? A Globo se dedica a ser porta-voz de interesses da Lava Jato”, disse.
“A Globo é uma das principais responsáveis pelo cenário que o Brasil está vivendo, pelo afastamento de Dilma, pela prisão de Lula, pela eleição de Bolsonaro, este governo de criminosos, milicianos, mentirosos, que expõem nosso País ao ridículo no cenário internacional”, afirmou. “Vamos ver se eles vão continuar sendo covardes de omitir do povo brasileira tudo aquilo que o Lula tem dito”.
Censura global
Jornalistas de diversos veículos da Globo confirmaram que houve uma orientação da direção da emissora para que não se repercutisse a entrevista dada pelo ex-presidente Lula na Polícia Federal, na última sexta-feira (26), em Curitiba, aos jornais Folha de S.Paulo e El Pais.
A informação é da jornalista Cristina Padiglione em seu blog Telepadi, no UOL. “A recomendação chegou sem justificativas. Aos profissionais, apenas foi enfatizado, de forma verbal, que o assunto não deveria constar dos noticiários e que a emissora não tem interesse em pedir, ela própria, uma entrevista com Lula”, escreveu Padiglione.
A entrevista foi destaque em todo o mundo, com reportagens de peso em veículos como como The New York Times, Washington Post, Le Monde, Le Figaro, Clarin, entre outros. Mas não foi mencionada por noticiário algum da emissora nem no portal G1 nem na GloboNews, seja em reportagens ou comentários de colunistas.
“Na capa do jornal O Globo desta segunda-feira, o cartunista Chico Caruso faz a única menção ao fato, discretamente, só para entendedores do assunto, com uma charge de Lula dentro de uma cela, vestido com o figurino do Super Homem. Na entrevista, Lula disse que prefere morrer na cadeia a perder sua dignidade, a fim de provar sua inocência e desmascarar o ex-juiz Sérgio Moro”, registrou a jornalista.
Ela chamou a atenção para o fato de que a censura da Globo foi adotada igualmente apenas pela TV Record, de Edir Macedo: “Apenas a TV de Edir Macedo, entre os veículos nacionais, acompanharam a Globo nessa decisão editorial de ignorar a entrevista do ex-presidente, lembrando que a Record é tratada por Bolsonaro como grande aliada, foco prioritário para as entrevistas do presidente”.
Com informações do 247