A rentabilidade dos bancos brasileiros, dada pela relação entre lucros e patrimônio, subiu a 14,8% no final do ano passado, a maior em sete anos, segundo informações divulgadas nesta quinta-feira (11) pelo Banco Central. Em consequência, os lucros líquidos, astronômicos, bateram mais um recorde histórico. Totalizaram R$ 98,5 bilhões.
“Em termos nominais, é o maior lucro [da história] com certeza”, afirmou o diretor de Fiscalização do BC, Paulo Souza. Segundo ele, o patrimônio do sistema financeiro está na faixa de R$ 800 bilhões.
O contraste com o cenário deprimente da economia nacional é notável. O PIB patina, muitas empresas amargam prejuízos e estão falindo e o país tem, hoje, perto de 30 milhões de pessoas no desemprego, no desalento ou na subocupação. Enquanto isto os banqueiros, que nada produzem, estão nadando em dinheiro.
Uma das causas deste sucesso, nocivo para a sociedade, são os juros bancários elevados. A taxa básica de juros, a Selic, está no menor patamar da história (6,5% ao ano), mas isto não impede as instituições financeiras de cobrarem juros extorsivos, institucionalizando a agiotagem. Em algumas linhas de crédito, os juros são próximos de 300% ao ano. Conforme apontam inúmeros economistas, esta é uma causa da estagnação econômica e da falência de muitas empresas produtivas, embora não seja a única. Percebe-se que a crise castiga o povo, mas favorece os interesses dos senhores das finanças.
Dados do BC mostram, ainda, que os quatro maiores conglomerados bancários do país detinham, no fim de 2017, 78% de todas a operações de crédito feitas por instituições financeiras no país. São informações que revelam o elevado grau de concentração bancária no país e ainda não foram atualizadas para o ano de 2018.
Proporcional ao poder econômico, é crescente o poder político dos banqueiros e magnatas do sistema financeiro, que hoje têm um fiel representante no Ministério da Economia, o senhor Paulo Guedes, que tem como um dos principais objetivos a privatização do sistema previdenciário brasileiro, o que significa o fim progressivo da aposentadoria pública.
Umberto Martins