Neste sábado (23) ocorreu uma batalha considerada decisiva para definir quem realmente detém o poder na Venezuela e o resultado foi uma clara vitória dos chavistas e do presidente Nicolás Maduro. A “ajuda humanitária” proveniente dos EUA e do Brasil não atravessou as fronteiras do Brasil e da Colombia no que a grande mídia chamou de Dia D da oposição e de Juan Guaidó, o golpista que, orientado pelo vice-presidente dos EUA, Mike Pence, se autoproclamou presidente da Venezela há 31 dias.
Foi uma derrota dos EUA, que estão por trás da iniciativa golpista e pressionaram fortemente as Forças Armadas Bolivarianas a apoiar o lacaio Guaidó, com ajuda de governos da extrema direita, como os de Jair Bolsonaro no Brasil e Inván Duque Márquez na Colômbia. A suposta “ajuda humanitária”, rejeitada pelo governo chavista, é na verdade uma versão moderna do Cavalo de Troia. Tinha o objetivo de legitimar o golpe, mas fracassou.
Petróleo e China
O episódio demonstrou que o golpe não tem o respaldo da população venezuelana e que o comando do país continua nas mãos de Nicolás Maduro, que conta com o apoio da Corte Suprema, das Forças Armadas e da Assembleia Constituinte. A força de Guaidó, e do governo paralelo que busca estabelecer, não está no interior do país. Ele é apoiado pela burguesia, setores da pequena burguesia e dos latifundiários, mas não tem grande influência na classe trabalhadora e nos segmentos mais pobres.
A força do golpista, sua inspiração e orientação, emanam de Washington, que agora exibe governos capachos em países estratégicos do continente americano, como Brasil e Colômbia. Os fatos sugerem que o projeto imperialista dos EUA, que visa simultaneamente o controle das maiores reservas de petróleo do mundo e a contenção da China, encontra forte resistência interna, sobretudo nas Forças Armadas Bolivarianas, que não se deixaram seduzir pelo canto de sereia imperialista e estão imbuídas de um forte sentimento patríótico.
Além disto, embora a mídia hegemônica alardeie o contrário, o governo Maduro não está isolado. Tem o apoio da China, que é a maior potência comercial e financeira do mundo, e da Rússia, assim como de dezenas de outros países que não estão sintonia com a política imperialista dos EUA, que detonou uma guerra econômica contra a Venezuela entremeada de recorrentes amealas de intervenção miliatar.
A Rússia acaba de enviar um carregamento de insumos e equipamentos médicos como parte da ajuda para enfrentar o cerco econômico dos Estados Unidos. A ajuda humanitária do governo russo chegou ao país na quinta-feira (21), ao contrário do Cavalo de Troia dos EUA, que seria manipulado politicamente por Juan Guaidó, mas foi detido nas fronteiras da Venezuela com o Brasil e a Colômbia pela Força Armada Nacional Bolivariana.
Ofensiva imperialista
Conforme notou o presidente Maduro o atual líder da oposição na Venezuela não passa de uma “marioneta vendida ao império”. A real intenção da “intervenção humanitária” dos EUA (como sugere a propaganda enganosa que já foi usada para destruir Líbia, Iraque e Síria) nada tem a ver com democracia e o bem estar do povo venezuelano, muito pelo contrário.
O objetivo é o petróleo e, concomitantemente, a tentativa de impedir a crescente expansão da influência da China na região, que decorre em boa medida espontaneamente do crescimento industrial associado à globalização do comércio e dos investimentos, setores em que os chineses superaram os estadunidenses.
Nuna será demais lembrar que os EUA estiveram por trás dos golpes militares que marcaram a história recente da América Latina (1964 no Brasil, 1973 no Chile, 1975 na Argentina, entre outros, além dos golpes “brancos”, estilo século 21, contra Zelaya, em Honduras – 2009 -, Fernando Lugo, no Paraguai – 2012 -, e Dilma no Brasil – 2016).
Os interesses imperialistas de Washington são dialmetralmente opostos aos dos povos e nações da região, que anseiam o desenvolvimento econômico soberano, o respeito ao princípio da autodeeterminação dos povos, a paz e a integração solidária. A vitória de Maduro merece ser celebrada pelas forças democráticas e progressistas no Brasil e em todo o mundo. É preciso resistir à feroz ofensiva do imperialismo, que ainda está longe do capítulo final.
Umberto Martins