O país padece na crise, a economia vai de mal a pior, o desemprego castiga mais de duas dezenas de milhões, a indústria está estagnada e a renda dos mais pobres continua crescendo que nem rabo de cavalo. Mas os banqueiros não só estão à margem da crise, como dela extraem inacreditáveis vantagens. O Itaú obteve no ano passado R$ 25 bilhões de lucro líquido, o maior da história dos bancos brasileiros, segundo a Economatica.
O resultado de 2018 representou um crescimento de 4,2% na comparação com o lucro do ano anterior, enquanto a economia como um todo patinava com vários setores e segmentos mergulhados na crise. O lucro de R$ 6,206 bilhões no 4º trimestre também foi recorde para um último trimestre do ano.
A marca recorde anterior havia sido registrada pelo próprio Itaú, em 2017, quando o banco teve um lucro líquido de R$ 23,965 bilhões. O retorno sobre o patrimônio líquido anualizado chegou a 21,9% no ano passado, com avanço de 0,1 ponto porcentual ante 2017. No último trimestre, o retorno foi de 21,8%.
O Itaú é atualmente a segunda maior empresa em valor de mercado da B3. No fechamento da véspera, a companhia estava avaliada em R$ 354,7 bilhões, atrás somente da Petrobras, com valor de mercado de R$ 371,7 bilhões. Nesta terça-feira, as ações do Itaú Unibanco eram negociadas em queda de mais de 2%, após o banco ter anunciado metas mais contidas que o esperado para 2019. A instituição financeira prevê que a carteira de crédito cresça entre 8 % e 11% em 2019, mais que a expansão de 6,1% observada em 2018, mas abaixo das projeções de concorrentes, segundo a agência Reuters.
Agiotagem
O desempenho dos outros bancos também não deixou a desejar, como se pode concluir pelos dois outros maiores bancos privados do país, Bradesco e Santander, que também já divulgaram seus resultados consolidados de 2018.
O Bradesco registrou um lucro líquido contábil de R$ 19,085 bilhões no ano passado, o que representa um crescimento de 30,19% na comparação com 2017 (R$ 14,659 bilhões). Já o Santander reportou um lucro de R$ 12,16 bilhões no mesmo período, alta de 52% frente o ano anterior.
São resultados que destoam do tom dominante da economia brasileira, onde um grande número de empresas enfrenta dificuldade e amarga prejuízos. A agiotagem faz a diferença. Os bancos brasileiros cobram de seus clientes as maiores taxas de juros do mundo, a título de spread (diferença entre o que pagam para captar o dinheiro e a taxa de juros que cobram pelo empréstimo). Os juros altos, que também auferem especulando com a dívida pública, constituem uma forma perversa de redistribuição das riquezas no Brasil, a favor dos credores (ou agiotas) e em detrimento do povo, de outros setores da sociedade e dos reais interesses nacionais.
Umberto Martins, com informações das agências