Em post no seu perfil na rede social Facebook, a sambista e deputada estadual (PCdoB/SP), Leci Brandão, alertou sobre os atos de violência nas escolas de samba, ao fazer referência ao integrante da Vai-Vai filmado agredindo uma mulher, no último sábado (19), durante ensaio técnico no Anhembi.
No vídeo, que circula nas redes sociais, o homem expulsa a mulher da passarela do desfile, puxando o cabelo dela e dando empurrões.
“Lamentavelmente, o que aconteceu no ensaio da Vai Vai é constante nos lares brasileiros. A responsabilidade pelo combate à violência contra a mulher deve ser assumida por toda a sociedade”, externa a artista.
Acompanhe íntegra da nota:
As escolas de Samba, em sua maioria, foram fundadas por pessoas de tradição. Senhoras baianas, Velhas Guardas, sambistas, enfim, pessoas de referência que sempre tiveram o cuidado de ensinar sobre o respeito, educação e muita consciência política.
As famílias do Samba precisam continuar a entregar esse conhecimento, promovendo uma cultura de paz e honrando as pessoas que vieram antes de nós. Lamentavelmente, o que aconteceu no ensaio da Vai Vai é constante nos lares brasileiros. A responsabilidade pelo combate à violência contra a mulher deve ser assumida por toda a sociedade.
As pessoas que lá estavam poderiam impedir que a agressão prosseguisse por mais tempo, independentemente do cargo do agressor. Essa história de “não meter a colher” não existe. Aliás, sempre foi desculpa usada para tentar justificar a nossa omissão e o suposto direito do homem sobre o corpo da mulher. Essa violência alimentada cada vez mais por discursos políticos fascistas já tem mostrado sua intensidade.
Mas de 100 feminicídios aconteceram no país somente neste início de ano. As delegacias da mulher que funcionariam 24 horas foram vetadas em São Paulo. Devido à pressão da sociedade, o novo governo do estado decidiu manter algumas delegacias, número obviamente insuficiente diante do problema que, há anos, não tem a devida atenção do Poder Executivo.
Deixo registrada a minha solidariedade para com a cidadã agredida publicamente, que ela tenha forças para seguir a vida com felicidade e cidadania e que possa contar com o apoio da sociedade, sendo isso apenas a nossa obrigação. Chega de culpar a vítima, chega de violência conta a mulher!
Por fim, espero muito profundamente que todas as escolas de Samba, não somente a Vai Vai, tomem consciência do problema e passem a combater violências internamente. O samba é cultura, sempre deve promover alegria e paz. Não é esse o legado que carregamos.
22 de janeiro de 2019
Leci Brandão
Portal CTB