Levantamento feito pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) comprova que as mulheres são as que mais perdem com a política de austeridade econômica do desgoverno Michel Temer.
“Em toda a crise, são as mulheres que pagam o pato dobrado”, afirma Celina Arêas, secretária da Mulher Trabalhadora da CTB. “Sofremos quando somos demitidas e somos as primeiras a perder o emprego. Sofremos quando nossos companheiros, filhos ou parentes ficam sem trabalho, com a violência que cresce na crise”.
Ela lembra que no país já são mais de 13 milhões de pessoas desocupadas e trabalhando em condições precárias quase 30 milhões de pessoas. “A reforma trabalhista só fez a situação ficar ainda mais degradante, sem criar uma nova vaga sequer no mercado de trabalho”, acentua Celina.
O estudo do Dieese, com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), de 2017, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que entre 2015 e 2017, 55,5% das pessoas que começaram a trabalhar nas ruas são mulheres, que ficaram desempregadas .
Antes desse período, o mercado de ambulantes contava com 47,9% de mulheres e 52,1% de homens. Atualmente, segundo o Dieese, existem 291 mil mulheres vendedoras ambulantes e 316 mil homens.
“É de uma precariedade absoluta”, reforça a sindicalista mineira. “Além da exposição ao sol, à chuva e a assédios, quem trabalha como camelô, não tem carteira assinada e, portanto, fica sem nenhum direito trabalhista”.
O técnico do Dieese, Gustavo Monteiro confirma o que diz Celina. “Como a profissão não tem fiscalização, nem registro, o que conta é a sorte das vendas”, diz. Isso porque o estudo mostra uma média salarial de R$ 666 para quem vive de vender nas ruas.
Sexismo e racismo até na informalidade
Seguindo os acontecimentos do mercado de trabalho formal, nas ruas os homens brancos ganham em média R$ 935 e as mulheres brancas R$ 708, mensais. Já as trabalhadoras e trabalhadores negros ganham menos. Os homens afrodescendentes recebem em média R$ 696 e as mulheres negras R$ 525, por mês.
Isso comprova, de acordo com Mônica Custódio, secretária de Igualdade Racial da CTB, que “o racismo brasileiro não tem nada de velado. A população afrodescendente fica com os piores trabalhos, as piores moradias e recebem os piores salários”.
Mônica acentua ainda que o mercado formal discrimina tanto quanto. Mas “as mulheres negras estão na base da pirâmide social e ainda sofrem com o assassinato de seus filhos todos os dias nas periferias”. Por isso, finaliza a sindicalista carioca, “precisamos dar um basta no retrocesso no dia 7 de outubro, elegendo pessoas comprometidas com a classe trabalhadora, com o país e com o combate às desigualdades”.
Marcos Aurélio Ruy – Portal CTB. Foto: Robson Ventura/Folhapress