Aos 196 anos da independência do Brasil, há bem pouco para ser comemorado. O grito de Dom Pedro I às margens do rio Ipiranga, em São Paulo, no dia 7 de setembro de 1822, criou a nação brasileira, mas o Império manteve o país sob a dependência da maior potência da época, a Inglaterra.
Mesmo assim, o grito de “independência ou morte” contra as ordens recebidas da corte portuguesa, possibilitou o início da formação de uma identidade nacional. Mas continuou faltando liberdade e direitos para a classe trabalhadora com o sistema escravista intocado.
Articulações foram todas feitas entre os setores envolvidos da classe dominante, com um grande esforço empreendido pelo “Patriarca da Independência”, José Bonifácio de Andrada e Silva o dirigente político desse processo, sufocando as reações para a todo custo manter a unidade nacional.
Foram 69 anos de Império, com dois monarcas, mas o Brasil permanecia com uma economia dependente. Com o fim da escravidão em 1888, veio a República no ano seguinte, também comandada pela elite, sufocando os movimentos mais avançados.
O autoritarismo prevaleceu em praticamente toda a nossa história. E toda vez em que cresce a participação popular e a soberania nacional prevalece, as elites se acertam e encerram o processo de avanço da liberdade.
Aconteceu em 1964 contra as reformas de base de João Goulart e em 2016 com a deposição de Dilma Rousseff. O resultado nos dois momentos foi catastrófico para o país. Inclusive o documento com a assinatura da independência está nos destroços do Museu Nacional do Rio de Janeiro, incendiado no domingo (2).
E como se o pouco caso com a história e com a cultura fosse pouco, estão matando a juventude negra, pobre da periferia, estão matando mulheres, estão matando indígenas, sindicalistas, lideranças comunitárias e políticas, estão mantando LGBTs. Por isso, o brado agora é independência e vida.
Marcos Aurélio Ruy é jornalista.
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