Pesquisa divulgada pelo Ministério da Saúde no Chile, em parceria com o Instituto Nacional de Estatísticas (INE), mostra que entre 2010 e 2015, 936 adultos maiores de 70 anos tiraram sua própria vida.
De acordo com o estudo, a redução no valor das pensões e aposentadorias está provocando uma onda crescente de suicídios no país. No caso dos maiores de 80 anos, em média, 17,7 por cada 100 mil habitantes recorreram ao suicídio.
O INE alerta que, com essa marca, o Chile ocupa a primeira posição entre número de homicídios na América Latina.
Os dados revelam que o país enfrenta um dos momentos mais complexos, desde a privatização da Previdência Social Chilena, que foi transferida para a iniciativa privada na década de 1980, na época em contrato elogiado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).
Informações da Fundação Sol, entidade que estuda as condições de trabalho no Chile, indicam que a pensão média recebida por 90% dos aposentados chilenos é de pouco mais de 60% do salário mínimo (convertido para real, o salártio mínimo no Chile é, aproximadamente, R$ 1.660,00), cada vez mais insuficiente para os gastos de um idoso.
O conto do mito do déficit
A realidade vivida pelos chilenos e chilenas comprova que o desmantelamento do Estado piorou a perspectiva de vida e serviu, apenas para atender as corporações privadas (conhecidas como Administradoras de Fundos de Pensão – AFP) que, sob o pretexto de déficit, abocanharam os recursos do sistema público de pensões e aposentadorias no Chile.
Como no Brasil, o sistema financeiro argumentou, há época, que com a provatização o “problema fiscal seria resolvido” e assim o país teria condições de retomar seu crescimento econômico.
Após a privatização, as AFP – instituições financeiras privadas encarregadas de administrar os fundos e poupanças de pensões – com base nas flutuações do “mercado”, determinam a quantidade de dinheiro que cada pessoa acumulará quando chegar o momento da aposentadoria.
Por essa lógica, segundo informações do movimento “No Más AFP”, milhões de pessoas foram obrigadas a entregar pelo menos 10% de seus salários ao sabor da especulação, sem haver nenhuma contribuição dos empregadores, nem do Estado.
Sanguessugas
Atualmente, das seis AFPs que atuam no Chile, cinco são controladas por empresas financeiras multinacionais: Principal Financial Group (EUA); Prudential Financial (EUA); MetLife (EUA); BTG Pactual (Brasil) e Grupo Sura (Colômbia), que administram fundos de 10 milhões de filiados.
No total, são mais de US$ 170 bilhões aplicados no mercado de capitais especulativos, nas bolsas de Londres e Frankfurt, para serem repassados sob a forma de empréstimos usurários aos próprios trabalhadores.
Portal CTB – Com informações do Monvimento “No Más AFP” e das agências