Esse mês de agosto não só inicia um processo eleitoral histórico para o Brasil, ele descortina um cenário de disputa que cobra da classe trabalhadora não só reforço da resistência e luta, ele exige de nós ciência do posicionamento nosso nesta disputa, esclarecimento objetivo e subjetivo de qual papel cumprimos neste processo.
Não deveria ser, mas foi – como sempre disse minha mãe – um choque ler o programa de governo do candidato à presidência Jair Bolsonaro. E, ficou pior, quando cheguei no ponto onde se lê sobre a criação de uma nova carteira de trabalho. ”Criaremos uma nova carteira de trabalho verde e amarela, voluntária, para novos trabalhadores.”
E o que Bolsonaro oferece a que chamou de “trabalhadores de segunda classe”? A privação da proteção à saúde e à segurança, por exemplo. Ou seja, não bastasse a reforma trabalhista que abre espaço para uma precarização sem limites, o candidato do PSL oferece à classe trabalhadora um futuro sem direitos e sem sonhos de uma vida melhor.
Sob a retórica da liberdade, autonomia e a livre competitividade, categorias que são apresentadas em seu programa como expressão do que há de mais moderno, a proposta é mais uma lança nas mãos de quem segura o chicote e colabora para anuviar a dinâmica brutal e que ganha uma versão ainda mais perversa nesta etapa de reestruturação do capitalismo global.
A tal liberdade e autonomia, pregada por Bolsonaro, na verdade esconde os altos índices de precarização, os vergonhosos números de mortes no trabalho, as doenças e os suicídios tão comuns nos dias de hoje.
À classe trabalhadora fica o desafio, objetivo e subjetivo, de enfrentar essa disputa que extrapola sua influência, invade lares e mentes, retira direitos e remodela conceitos históricos no mundo do trabalho.
Joanne Mota é jornalista e assessora da CTB Nacional
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