O programa Extra-classe, do Sindicato dos Professores de Minas Gerais (Sinpro-MG), que foi ao ar no sábado (23), pela Rede Minas, debateu os 30 anos do SUS e as suas implicações na saúde das brasileiras e dos brasileiros.
A concepção do Sistema Único de Saúde (SUS) surgiu com a promulgação da Constituição Federal em 5 de outubro de 1988, como um “sistema ímpar no mundo, que garante acesso integral, universal e igualitário à população brasileira, do simples atendimento ambulatorial aos transplantes de órgãos”, definido pelo Ministério da Saúde.
Em pouco mais de 25 minutos, o Extra-classe expõe as preocupações de especialistas com a possibilidade do fim do SUS, com a intenção nesse sentido demonstrada pelo governo golpista de Michel Temer, com a proposta de criação de planos de saúde com preços mínimos e, claro, atendimento mínimo.
O programa já inicia com uma voz em off afirmando que o Brasil é o único país no mundo com mais de 100 milhões de pessoas atendidos por um sistema público de saúde. O SUS “tem que ser protegido de qualquer tentativa de removê-lo da nossa Constituição”, afirma Gilberto Reis, professor e médico sanitarista.
Já para o professor em Ciência Política da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), João Ângelo Machado o “SUS foi uma ruptura com um conceito que vinha há décadas no Brasil” de uma saúde para poucos.
Para ele, no período da democratização do país, os especialistas “colocaram a saúde num patamar muito próximo da qualidade de vida das pessoas”, visando levar saúde para todas e todos.
Assista o Extra-classe 30 anos do Sistema Único de Saúde (SUS)
Mariana Arêas, jornalista e especialista em Comunicação em Saúde, define o nascimento do SUS relacionado à “percepção da população de que a saúde é um direito”. Além disso, acentua, passou a integrar uma “estratégia de nação” soberana e saudável.
O SUS nasceu baseado no modelo inglês, o National Health Service Britânico. Érico Colen, diretor de Comunicação do Sindicato de Saúde de Minas Gerais e especialista em saúde pública, afirma que ocorreu uma discussão ética na criação do sistema britânico no pós-Segunda Guerra Mundial.
A discussão feita pelos britânicos acontecia sobre “o que era mais importante para o cidadão inglês”, conta. Porque “na Inglaterra não era aceitável que qualquer pessoa, qualquer nação enriquecesse com o sofrimento de outras pessoas”,
E no Brasil foi próximo. “Como vamos reconstruir a cidadania brasileira? Era a pergunta” com o fim da ditadura (1964-1985). “O SUS foi fator premente”, finaliza Colen. Enquanto Machado afirma que “o SUS incomoda porque tem uma proposta igualitária” e as pessoas que acreditam que a “igualdade não é relevante” não aceitam saúde pública para todas as pessoas.
O programa questiona a extinção do SUS. “Das políticas públicas o SUS é a mais sensível aos cortes”, diz Paulo César Machado, psiquiatra. Já o professor da UFMG discorre sobre a existência de grandes grupos contrários ao SUS por meros interesses econômicos e cita a Emenda Constitucional 95 como extremamente prejudicial às políticas públicas e à nação.
Marcos Aurélio Ruy – Portal CTB