O ataque brutal sofrido pelo movimento sindical brasileiro, pós-golpe de 2016, não precisa mais de diagnósticos. Os efeitos são sentidos por todos: a desestruturação do sistema, redução de atividades, demissões, etc. No entanto, tal qual um pugilista que se estabiliza depois de sofrer alguns golpes e ir às cordas, já é chegado o momento de recobrar os sentidos.
A construção da CTB foi resultado de uma necessidade histórica do movimento sindical classista, concretizada em 2007. No cenário nacional, a importância das centrais sindicais é incontestável, tem uma natureza singular, decorrente de sua amplitude de atuação. A Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil, consciente de sua relevância neste contexto tornou-se, em pouco mais de dez anos, referência política e de luta.
Os classistas foram decisivos para erguer este projeto e agora – diante da adversidade – são igualmente decisivos para mantê-lo vivo e atuante.
O exemplo, portanto, deve vir de casa. Não há que se considerar, sequer dentro dos limites da razoabilidade, que entidades que fundaram a CTB não contribuam ou soneguem (e é este mesmo o verbo a ser empregado) as mensalidades para com a Central. Não é admissível que entidades que tem representação na Direção Nacional da Central não cumpram suas obrigações financeiras, cabe registrar aqui a modéstia do percentual de contribuição: 3%.
O financiamento do projeto é a contrapartida concreta da filiação. Os classistas são os responsáveis diretos pela sustentação material da Central, qualquer atitude diferente desta reflete uma incompreensão política que já não mais deveria persistir dentre nossos quadros.
A fragilidade de arrecadação é tema recorrente desde a fundação da Central, mesmo quando havia a segurança da obrigatoriedade da contribuição sindical, a CTB sempre se debruçou sobre este problema. Dado o protagonismo político das centrais, a Ação Direta de Inconstitucionalidade 4067, proposta pelo DEM, já pretendia em 2008 fazer o serviço de asfixia financeira. Vale lembrar que, caso haja algum tipo de reversão do quadro atual e a contribuição volte a ser obrigatória, esta ADI está pronta e liberada para votação em plenário.
Não é momento para hesitação, muito menos para o “salve-se quem puder”, a etapa agora exige um entendimento político maior e mais ambicioso até mesmo do que foi necessário para a própria fundação da Central. Superar esta incompreensão interna é condição imprescindível para continuidade do projeto CTB.
Wagner Gomes é secretário-geral da CTB