O filme O Jovem Karl Marx deve encerrar nesta quarta-feira (14) a exibição na cidade de São Paulo. Desejo que resista em cartaz na galeria Olido. Está a preços populares (4 reais e 2 reais) às 15h. Adorei o filme e recomendo. É a primeira impressão que quero compartilhar com vocês e o motivo desse artigo. Marx foi filósofo, jornalista e deixou como legado uma análise revolucionária da exploração capitalista.
Se não der tempo de ver na tela grande onde se ganha em emoção, vou contar um pouco sobre o que me impressionou. A certa altura, Marx vai procurar emprego em uma agência dos correios para conseguir sustentar a família. Faz um teste de caligrafia e é reprovado. É muito triste vê-lo implorando: “Eu aceito qualquer coisa”.
O período retratado no filme (entre 1842 e 1848) mostra Marx antes dos 30 anos e as condições de exploração em que vivem trabalhadores franceses, alemães, ingleses, e todos os outros. Um breve passar de olhos na biografia de Marx vai mostrar que ele e sua família viveram em uma situação muito sacrificante durante boa parte da vida.
A lógica de exploração dos trabalhadores na Europa naquele período retratado (de 1846 a 1848) não ficou na história. Ela se repete hoje em dia no Brasil e no mundo. A reforma trabalhista, que passou a vigorar em novembro do ano passado, obra de Michel Temer, da Globo e da Confederação Nacional da Indústria (CNI), é o passaporte para os trabalhadores brasileiros “aceitarem qualquer coisa”.
O golpe que tirou em maio de 2016 uma presidenta eleita democraticamente pelo povo colocou na presidência um representante do pior empresariado que poderia existir em um país: O patrão que depreda a nação e explora o povo às últimas consequências à semelhança da burguesia parasita que explorava homens, mulheres e crianças no período pós-revolução industrial.
Meus amigos, não nos acostumemos aos desdobramentos do golpe no Brasil. O que vivemos é real. Dessa forma, é imensa a importância do histórico e resistente movimento sindical brasileiro que querem criminalizar e colocar atrás das grades a qualquer custo.
O ponto alto de O Jovem Karl Marx alimenta essa crença na classe trabalhadora quando Friedrich Engels propõe a alteração do lema da Liga dos Justos. Em vez de “Todos os homens são irmãos” entra em cena o “Trabalhadores de Todo o Mundo Uní-vos”. E antes que torçam o nariz para a frase, saibam que eu levo essa máxima muito a sério porque tenho respeito pelo trabalhador brasileiro e acredito que o homem deve fazer sua própria história e jamais se curvar diante do opressor.
Pra mim, o filme é história, ficção e poesia. Dirigido por um cineasta haitiano, Raoul Peck (foto), o filme dialoga com o mundo de ontem e de hoje e foi isso que me encantou e comoveu: saber que o encontro entre Marx e Engels que resultou em O Manifesto Comunista, documento imprescindível na luta dos trabalhadores contra a exploração. Saber que Jenny Marx e Mary Burns foram interlocutoras ativas na redação do Manifesto. E lembrar mais uma vez que a reforma da Previdência Social só foi barrada porque os trabalhadores e o povo brasileiro foram às ruas. Passou um filme atual na minha cabeça.
Se o Jovem Karl Marx sair de cartaz da tela grande nesta quarta é sempre possível recorrer ao youtube. Para conhecer mais sobre o pensador revolucionário acompanhe as atividades que acontecerão em 2018, ano em que se comemoram 200 anos do nascimento de Marx. Não faltarão oportunidades para se inspirar com o legado do velho Marx, que está “mais vivo que os vivos”.
Assista ao trailer legendado:
Mais informações sobre o O Jovem Karl Marx
Título original: Le Jeune Karl Marx
119 Minutos
Nacionalidade: França, Alemanha, Bélgica
Direção: Raoul Peck
Elenco: August Diehl, Stefan Konarske, Vicky Krieps
Sinopse: Aos 26 anos, Karl Marx embarca com a mulher, Jenny, para o exílio. Em Paris, eles conhecem Friedrich Engels, filho do dono de uma fábrica que estudou o nascimento do proletariado inglês. Engels traz a Marx a peça que faltava para o quebra-cabeça de sua visão de mundo. Juntos, em meio à censura, greves e agitação política, eles vão liderar uma completa transformação política e social do mundo.
Railídia Carvalho – Portal Vermelho