Em matéria de 04/03, publicada no Estadão, com o seguinte título “Sindicatos patronais demitem para sobreviver à reforma trabalhista”, os patrocinadores do pato amarelo desfiam um longo rosário.
Relatos apurados pelo jornal apontam que as entidades patronais estão reduzindo suas atividades como viagens e eventos. A Confederação Nacional do Turismo apontou uma queda de 70% em sua arrecadação e inclusive ingressou na Justiça para tentar manter a contribuição.
A FIESP reduziu em 20% seu quadro de funcionários e fundiu departamentos. Dados disponibilizados em 06/03, pela Coordenação Geral de Recursos do FAT, dão conta de que em janeiro/17 o sistema patronal arrecadou R$ 668.375.267,98 contra R$ 150.843.847,28 em janeiro/18, uma redução de 77%.
A sanha incontrolável do capital em aprovar a reforma celerada, parece não ter calculado devidamente os impactos e riscos para com a própria carne.
O que seria a cereja do bolo, o contrato intermitente – que agora o governo denomina “prestação de serviços descontinuada” (SIC) – também parece não gerar frutos tão imediatos. Segundo o CAGED de 20/02/2018, foram criadas 5.641 vagas nesta modalidade, desde 11/11/17.
As empresas de contratação da internet não disponibilizaram ainda opções nesta modalidade e os empregadores, ao que parece, estão ”deixando tudo como está para ver como fica”. Afirmam que há dificuldades para se utilizar na prática a teoria esdrúxula do trabalho intermitente, bem como revelam insegurança em relação às posições de magistrados e procuradores ante à reforma.
Diante deste caldo e, mesmo em meio a tantas dificuldades, o movimento sindical é essencial na resistência. O vitorioso adiamento da sessão do TST – convocada “nas carreiras “- para revisar sumariamente 34 súmulas e orientações jurisprudenciais e sacramentar a reforma, é exemplo de ação das centrais sindicais e confederações de trabalhadores que cumpriram, de maneira irrepreensível, seus papéis.
O patronato tentará reverter os tiros que deu no próprio pé e irá garantir outra fonte de receita, o movimento sindical depende da contribuição dos trabalhadores e contamos com ela para encampar a luta.
Wagner Gomes é secretário-geral da CTB