Notícia publicada nesta terça-feira (20/02) pelo jornal “Valor Econômico” informa que uma elite de 1.776 procuradores e servidores do Ministério Público Federal, Ministério Público do Trabalho e do Ministério Público Militar receberam no final de 2017 uma licença-prêmio de R$ 62,4 milhões. Em média, cada um deles recebeu um abono de R$ 35,5 mil.
Enquanto isso, na mesma época o governo de Michel Temer decidia diminuir em R$ 10,00 o valor do salário mínimo nacional, hoje em R$ 954,00.
O pagamento, ainda de acordo com o jornal, foi autorizado pela procuradora-geral da República, Raquel Dodge, como forma de premiar a assiduidade dos servidores e procuradores. A decisão foi inédita na história da PGR, já que tal benesse até então só era concedida em casos de aposentadoria e falecimento.
Em um momento no qual a economia do país se encontra em frangalhos, servindo de pretexto para um governo ilegítimo cortar míseros R$ 10,00 mensais daqueles que recebem um salário mínimo, causa indignação conhecer as entranhas do funcionamento de determinadas castas privilegiadas do país.
Nas últimas semanas, passamos a conhecer a dimensão dos recursos disponibilizados como auxílio-moradia para membros do Poder Judiciário, inclusive para aqueles que dispõem de imóveis nas cidades onde residem – o caso do paladino Sergio Moro é o mais notório. Em média, cada um deles recebe R$ 4.300 como complemento salarial, renda superior à de cerca de 90% dos brasileiros.
Sem cortar na raiz esse tipo de privilégio, jamais conseguiremos combater de maneira irreversível a desigualdade no país. Num ano eleitoral como o que estamos iniciando, esse tipo de debate tem que ganhar as redes socais, os bares, as reuniões familiares e outros espaços de discussão. Precisamos retomar nossa capacidade de pautar temas que fortaleçam a luta do povo e da classe trabalhadora. A indignação de parte da população, em especial daquela que bateu panela nos últimos anos, não pode continuar a ser seletiva.
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