A ministra nomeada para o Ministério do Trabalho, Cristiane Brasil, está bombando na internet, tipo assim: “que tiro foi esse?”.
A deputada federal aparece em uma lancha ou qualquer coisa assim, em um belíssimo balneário, com límpidas águas verdes claras ao fundo, sol, céu azul e – fato mais interessante – cercada por três rapazotes, sarados, com seus óculos escuros e peitos à mostra. Este é o cenário e até aí nada de mais, cada um curte sua folga como deseja e de acordo com as posses de que dispõe.
O inferno dantesco começa quando a nomeada ministra abre a boca e passa a se defender sobre a polêmica que envolve sua posse no Ministério do Trabalho, afirma que sequer sabia que cometera ilegalidades trabalhistas. Frise-se, a deputada não assinou a carteira de trabalho de seu motorista, ferindo norma básica primária de legalização da relação de trabalho e ainda debocha: “Eu só quero saber o seguinte: que que pode passar na cabeça das pessoas que entram contra a gente em ações trabalhistas?” (!)
Não compete a ninguém o juízo de valor sobre o momento de lazer da deputada Cristiane Brasil, no entanto tratar questões sérias de governo, que envolvem o cargo máximo de um ministério de maneira tão insolente, desleixada e arrogante é um verdadeiro acinte. Ofende a dignidade de milhões de brasileiros e brasileiras que enfrentam o desespero de desemprego, ofende aqueles que necessitam dos serviços do ministério, ofende os trabalhadores do ministério que labutam diariamente nas estruturas do órgão.
Sobretudo, ofende veementemente a sociedade brasileira que é obrigada a assistir ao circo de horrores que o Governo Temer e seus asseclas de quinta categoria propiciam. A novela da indicação da ministra do Trabalho, embora o presidente tenha a prerrogativa de fazê-la, ganha mais um capítulo. A deputada parece não entender que assuntos de governo devem ser tratados em ambiente propício, com o mínimo de protocolo e respeito à coisa pública, nos faz inferir que não compreende que o agente público, ou qualquer outro profissional, deve zelar pela sua reputação assim como pela reputação daquilo que representa. A parlamentar parece desconhecer outro fundamento bem básico: que a moralidade é um princípio da administração pública.
O tiro que nos acertou ontem na cara é mais um dentre tantos que o povo brasileiro vem tomando desde o golpe em 2016, espero que este acerte também no pé da nobre deputada.
Cristiane Oliveira é secretária-executiva, pós-graduanda em Direito e Processo do Trabalho, assessora da Secretaria-Geral da CTB.
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