O mundo está olhando para o Brasil. De um lado, a minoria que lucra com a miséria e o sofrimento alheio e uma parcela que não entendeu bem os interesses por trás de toda essa movimentação. De outro, uma maioria que não é movida pelo desejo de concentração de renda, de entrega dos patrimônios nacionais ao capital especulativo e pela retirada de direitos do povo trabalhador.
A partir de 2005, por conta da Ação penal 470, passando por 2015 no impeachment de Dilma Rousseff – a presidenta eleita, legítima e honesta -aprofundaram-se as dúvidas e críticas sobre o posicionamento do poder Judiciário. E agora estamos prestes a ter derradeira prova no próximo dia 24 de janeiro, data em que será feito em Porto Alegre o julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva que, ressalte-se aqui, concluiu seu Governo em 2010, com 85% de aprovação.
Lula vem sendo sistematicamente vigiado, perseguido e caçado por promotores, juízes e pela grande mídia – de forma especialmente cruel – que obviamente, com raras exceções, sempre teve lado, não o do povo. Lula é objeto de uma ação judicial injusta, mas não só. Lula é um dos símbolos da busca por um país menos desigual e menos dependente dos opressores de sempre. De um país que comece a mudar a realidade em que cinco pessoas ficam, sozinhas, com 82% de toda a riqueza gerada.
A acusação é de que o ex-presidente teria ganhado um apartamento no Guarujá em troca de favorecimento em licitações. Nada foi provado, ao contrário, o tal apartamento foi recentemente empenhado pela própria OAS, dona do imóvel, para pagar uma dívida.
Por outro lado, as pesquisas eleitorais indicam a crescente esperança do povo em ver Lula reeleito (seria a terceira vez) e que finalmente, além de ser feita justiça, o país volte a se desenvolver econômica e socialmente rumo a maior equidade e inclusão. A força da recente Caravana “Lula pelo Brasil” expressou cabalmente essa esperança.
Nesse contexto cresce a mobilização nacional e a forte solidariedade internacional. Esta, furando o bloqueio da mídia brasileira, tem sido fundamental no enfrentamento ao golpe e ao massacre aos direitos que o motiva. São juristas, militantes, cientistas, artistas, sindicalistas e muita gente mais se manifestando por meio de artigos, abaixo-assinados, filmagens e mobilizações de rua, como as que ocorrem por estes dias em diversas cidades do Brasil e de outros países. O mundo não fecha os olhos para a população brasileira, eles permanecem abertos e brilham na expectativa de que se faça justiça de verdade.
Denise Motta Dau é assistente social e diretora do Instituto Lula
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