Atenção você aí que paga seu dízimo em dia, mesmo que esse dinheirinho lhe custe muito suor e faça falta no orçamento familiar. Você que vota nos candidatos apoiados por sua igreja evangélica neopetencostal, por acaso sabe como seu deputado tem atuado em Brasília?
Já passou-lhe pela cabeça a importância de tomar conhecimento da posição do seu representante sobre assuntos que têm tudo a ver com sua vida e de seus familiares?
Provavelmente, não. Seja porque os pastores escondem a realidade de seus rebanhos ou porque você não é lá muito interessado em política, deve passar batido o que o integrante da chamada bancada da bíblia faz ou deixa de fazer com o mandato confiado por você.
Pois, então, sou portador de péssimas notícias. Seu deputado ou senador vem votando sistematicamente contra a democracia, o Brasil e o povo brasileiro sem que você se dê conta.
E pior: a bancada evangélica é campeã no apoio maciço a projetos que penalizam e sacrificam ainda mais os que já não têm nada. E todos sabem que a maioria esmagadora dos evangélicos pertence à parcela mais pobre da população. Já passou, portanto, da hora de abrir o olho.
Mas vamos devagar e por partes. Acompanhe a posição da bancada evangélica, com raras e honrosas exceções, nos últimos tempos:
1) Apoio incondicional ao bandido Eduardo Cunha, tanto na sua eleição para a presidência da Câmara dos Deputados, como a todas as barbaridades cometidas por ele no comando da Casa;
2) Apoio à farsa do golpe de estado, sem crime de responsabilidade, que tirou do governo uma presidenta honesta, para pôr no seu lugar um bando de criminosos;
3) Participação no governo ilegítimo, ocupando cargos e ministérios;
4) Apoio à emenda que congelou gastos com saúde e educação públicas por 20 anos;
5) Apoio à mudança na lei do petróleo, que entregou as riquezas abundantes de óleo da camada do pré-sal aos estrangeiros, verdadeira traição à pátria.
6) Apoio à reforma trabalhista, que liquidou com a CLT (o que nem a ditadura militar ousou), roubando direitos históricos da classe trabalhadora e abrindo caminho para a hiperexploração dos que vivem de seu trabalho. Férias, 13º, limite civilizado para jornada de trabalho e descanso remunerado? Nada disso está mais garantido;
7) Apoio ao projeto de terceirização irrestrita, inclusive da atividade fim, que destruirá categorias profissionais e provocará a precarização generalizada do mundo do trabalho. Exemplo: em vez de contratar um bancário ou um metalúrgico, respeitando os direitos conquistados por seus sindicatos, o empregador optará por um terceirizado, com salário menor e sem direitos;
8) Apoio à salvação do pescoço de Temer por duas vezes na Câmara dos Deputados, impedido que o presidente golpista respondesse pelos crimes de corrupção ativa, organização criminosa e obstrução de justiça.
Lembrando que corre solta não é hoje a especulação de que Temer é um adorador de Satã, encerro esse artigo repetindo a pergunta que usei como título: a bancada da bíblia serve a Deus ou ao demônio?
Bepe Damasco é jornalista e blogueiro.
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