Dirigentes sindicais de todos os continentes se reuniram em Calcutá, na Índia, durante os dias 9 e 10 de outubro, para participar do Conselho Anual da Federação Sindical Mundial (FSM) e das Uniões Internacionais Sindicais (UIS). Ao final do encontro, foram apresentadas as “Conclusões de Calcutá”, documento que apresenta uma série de novas diretrizes para aprimorar o funcionamento das chamadas UIS, em cada um de seus ramos de atuação.
Secretário-geral da UIS Metal e Mineração discursa durante reunião da Federação Sindical Mundial
Entre as dez UIS atualmente constituídas, nove enviaram representantes para a reunião na Índia. A UIS Metal e Mineração, que tem o metalúrgico brasileiro Francisco Sousa como seu secretário-geral, esteve presente à reunião.
Leia abaixo a íntegra do documento:
Conclusões de Calcutá:
A Reunião anual da FSM e das UIS ocorre um ano após a realização de seu 17º Congresso, em Durban (África do Sul), e cerca de cinco meses da reunião do Conselho Presidencial ocorrida em Havana (Cuba). Ela ocorre em uma situação na qual a crise no sistema capitalista se aprofunda e a classe capitalista continua agindo para proteger e ampliar seus lucros, às custas da classe trabalhadora e de outros setores populares. Todos os direitos e conquistas da classe trabalhadora estão sob ataque.
Esse ataque deve ser combatido nacional e internacionalmente. As UIS têm uma grande responsabilidade em liderar essa luta. Elas precisam desenvolver e fortalecer seus setores e coordenar ações em suas respectivas áreas de alcance pelo mundo afora, sob a orientação e apoio da FSM.
A ideologia da FSM, bem como as resoluções de seu 17º sobre a situação mundial e o papel do sindicalismo classista, deve ser disseminado entre todos os trabalhadores, em todos os setores em que estamos organizados.
As UIS são os principais atores do movimento sindical classista. Elas têm fundamental responsabilidade para defender os direitos dos trabalhadores em seus respectivos setores, incluindo os direitos sindicais, conectando os locais de trabalho à FSM.
O princípio básico de funcionamento aberto e democrático enunciado pela FSM deve ser refletido no funcionamento de nossas UIS. Portanto, quaisquer que sejam as deficiências que temos hoje nas UIS devem ser superadas com um grande senso de urgência.
Para garantir isso, temos aqui algumas tarefas a seguir:
– Todas as UIS devem se reunir regularmente, discussão o desenvolvimento de suas indústrias, as condições dos trabalhadores dessas indústrias e suas lutas em vários países, em nível mundial. Mecanismos para compartilhar essas informações entre todos os afiliados de todo o planeta devem ser efetivamente implementados.
– Apoiar as lutas dos trabalhadores em suas indústrias ao redor do mundo, planejar ações de solidariedade e implantá-las; informam a FSM e seu Secretariado a respeito dessas lutas para apoio e solidariedade.
– Planejar atividades que possam ajudar a desenvolver ideologicamente a classe trabalhadora em seus respectivos setores.
– Revisão a implementação de decisões e avanços em todas as reuniões e formular atividades adequadamente.
– Fortalecer a coordenação entre os vários afiliados às UIS e também entre as UIS e a FSM, com o propósito de desenvolver uma resistência global efetiva em relação aos ataques capitalistas.
– No 150º ano de publicação de “O Capital”, devemos aproveitar para disseminar o conceito de exploração natural do capitalismo e elevar o nível de consciência dos trabalhadores, em uma visão da necessidade de mudar o sistema e do papel da classe trabalhadora para acabar com a exploração.
– As entidades filiadas às UIS devem estar presentes no dia a dia dos trabalhadores, analisando objetivamente (pelo ângulo da classe trabalhadora) seus problemas e organizando lutas para preencher suas demandas.
– As UIS devem trabalhar pela unidade entre trabalhadores do campo, estudantes e autônomos.
– As UIS também devem ter como tarefa promover a solidariedade internacional com trabalhadores de outros setores e países.
– As UIS devem estar atentas à terrível evolução das políticas para refugiados e imigrantes, diante de desumanas atrocidades em nível mundial,diretamente ligadas à barbárie do imperialismo e à crise do capitalismo.
– As UIS devem agir em um nível elevado de luta contra a barbárie capitalista patrocinada pelas corporações multinacionais.
– Realizar efetivos esforços para ampliar a capacidade de funcionamento das UIS, com específica atenção para fortalecer suas reservas, com vias a expandir suas atividades.
– Estudar, em intervalos regulares, como rastrear o desenvolvimento das indústrias, utilizando-se de fatos e figuras que possam garantir a formação de quadros e de massa crítica em nível internacional, capazes de enviar relatórios ao Secretariado da FSM.
– Estabelecer uma coordenação entre os Escritórios Regionais e as UIS em cada parte do mundo, de forma a criar ajuda mútua e a implementação de programas conjuntos.
– As UIS devem promover, de forma constante, a FSM entre as bases de trabalhadores e de organizações sindicais, trazendo-os para a família FSM. Esse deve ser um importante parâmetro para avaliar o sucesso organizacional de todas as UIS.
– As UIS devem participar de diferentes fóruns da FSM e implementar as campanhas e ações programadas de tempos em tempos pela FSM, incluindo a observação do Dia Internacional de Ação, todos os anos, em 3 de outubro.
– As UIS devem, de forma democrática, eleger líderes em seus congressos, garantindo que os novos quadros e líderes atuem de forma efetiva, exercendo plenamente sua responsabilidade em cada uma das UIS.
Esta reunião ocorrida em Calcutá (Índia), em 9 e 10 de outubro de 2017, com representantes de 9 UIS, pede para que o Secretariado da FSM concretize as várias propostas e atividades aqui apresentadas pelas UIS. O Secretariado da FSM deve garantir a devida comunicação às UIS com regularidade e externar apoio organizacional e ideológico de caráter classista a todas UIS.
George Mavrikos – secretário-geral
Swadesh Dev Roye – Coordenador geral internacional das UIS
Fonte: Fitmetal