O segundo dia do congresso contempla as forças políticas que participaram da formação da CTB. Com o nome Signos e Significados da Construção da CTB, a mesa reúne lideranças que participaram desse processo desde seu início, há dez anos.
“Reunimos aqui lideranças que ajudaram a construir nossa central, cérebros de nossa história, figuras da maior importância”, afirmou o presidente nacional da CTB, Adilson Araújo.
O vice-presidente da CTB, Nivaldo Santana, conduziu a mesa, que contou com a participação dos dirigentes João Batista Lemos, Joílson Cardoso, Severino Almeida, Vilson Luiz, Ivânia Pereira, Wagner Gomes e Abigail Pereira.
Um dos fundadores da central e membro de sua direção executiva, João Batista Lemos descreve o contexto político e histórico em que a CTB foi criada: “A recomposição do movimento sindical estava associada à perspectiva de uma mudanças, na carcomida organização sindical, começando pela legalização das centrais. A reeleição de Lula em 2006 propiciou condições para elevar o nível de participação da classe operária na luta política”.
Neste cenário, diferentes forças políticas se uniram em uma perspectiva classista para criar a CTB. “Assim, construímos essa central classista, uma articulação de forças plurais”, afirma Batista.
“Apontar o futuro”
O vice-presidente da CTB, Joílson Cardoso, destacou a importância da unidade e lembrou: “A unidade só se dá no plural. Nossas forças políticas têm diferentes concepções sindical, da vida e do mundo, mas temos reciprocidades”.
Para Joílson, não é possível ser indiferente nos dias de hoje e o posicionamento da central irá expressar o caminho a seguir.
“A CTB foi um parto e todo parto dói, e depois do parto veio a alegria. A alegria dessa construção. Não seremos indiferentes pelo zelo que devemos ter pelo que nós construímos e pelo que a central representa para a vida nacional. O que fazemos aqui é apontar o futuro”, diz Joílson Cardoso.
“Preservar os princípios”
O vice-presidente da CTB Severino Almeida representa a força dos marítimos na construção da central. Ele fez um resgate dos princípios que nortearam a fundação da entidade, sua vocação e compromisso com o sindicalismo classista, a pluralidade e a democracia. E fez um alerta:
“Ao avançar e crescer não devemos nos esquecer dos princípios fundantes da CTB”.
Unir campo e cidade
O secretário de finanças da CTB, Vilson Luiz, presidente da Fetaemg, uma das forças que fundaram a central, frisou a importância do segmento para o país e a missão de unir campo e cidade na luta por direitos.
“Mais de 70% do alimento consumido no país é da agricultura familiar. Então nós somos importantes e vamos juntos fazer a central mais forte desse país. Não podemos deixar de lutar e temos de unir o campo e a cidade e não desistir nunca”.
Gênero: um debate que o movimento sindical não fazia
Uma das maiores contribuições da CTB na luta sindical foi ter trazido o debate de gênero para dentro do movimento sindical, diz a secretária da Mulher da CTB, Ivânia Pereira.
“Só com a participação específica das mulheres rompendo os grilhões da opressão de gênero que se vai suprimir a opressão de classe, superar o capitalismo e conquistar o socialismo. Por isso a importância desses dez anos trazendo o debate que até então o movimento sindical não fazia”, afirmou Ivânia.
Ao final, ela frisou a importância da formação, da educação libertadora e lembrou a citação famosa da americana Harriet Tubman: “Libertei mil escravos. Podia ter libertado outros mil se eles soubessem que eram escravos“.
“CTB é plural pra valer”
O metroviário e secretário geral da CTB, Wagner Gomes, foi o primeiro presidente da central após sua fundação em 2007. Ele fez um relato de sua experiência na construção da central:
“A CTB não chegaria onde chegou se não fossem suas organizações estaduais. Nós, a CTB, somos uma árvore. E para sermos fortes temos de ter raízes fortes. Temos de fazer enorme força para fortalecer nossas estaduais. Para ser CTB ninguém precisa abrir mão de suas crenças. É plural pra valer”.
Para Gomes, a CTB está conseguindo cumprir sua missão histórica. “Temos acertos e erros e precisamos tomar cuidado e manter o caráter de nossa central. Não podemos esquecer nunca, sob pena de que ela não passe de um núcleo de maluco que não vai pra lugar nenhum. Nós todos aqui, independente de partido e religião, estamos danod sequência às lutas de nossos companheiros que tombaram lutando contra a ditadura e vamos continuar lutando pelo nosso povo”.
Mulher trabalhadora
A dirigente Abigail Pereira encerrou os discursos na mesa da manhã enfocando o papel da CTB no combate ao machismo e na luta pelos direitos sociais e trabalhistas.
Ela lembrou que o reconhecimento da importância do contingente feminino na CTB foi consolidado não só no estatuto, mas também na nomenclatura: Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil.
Natália Rangel – Portal CTB – Fotos: Manoel Porto