O jovem negro, pobre e favelado Rafael Braga ganha uma exposição no Instituto Tomie Ohtake com a adesão de dezenas de renomados artistas, em defesa de sua liberdade e de seu amplo direito de defesa, negado pela Justiça.
A história remonta ao enredo do filme Hurricane (Furacão, de 1999), de Norman Jewison. O filme é baseado em fatos reais, protagonizado por Denzel Washington, no papel de Rubin “Hurricane” Carter, um campeão de boxe em ascensão, acusado por policias de um crime e condenado sem provas, por motivações raciais.
A exposição OSSO: apelo ao amplo direito de defesa de Rafael Braga conta com a solidariedade de 29 grandes artistas plásticos que, de acordo com o curador da mostra Paulo Miyada, aderiram prontamente ao projeto.
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“Diante de questões humanitárias urgentes, o Instituto Tomie Ohtake se oferece como plataforma para a realização de um projeto singular, ao unir os territórios da Arte e da Justiça, em parceria com o Instituto de Defesa do Direito de Defesa (IDDD) e com a adesão de um grupo de artistas”, diz texto de apresentação do evento.
Fazem parte da exposição artistas do porte de Cildo Meireles, Carmela Gross, Nuno Ramos, Miguel Rio Branco, Paulo Bruscky e Paulo Nazareth. Além das obras, são expostos documentos ligados ao caso. Também ocorrem debates com participação de pessoas do IDDD e grandes juristas.
Entenda o caso
O jovem Rafael Braga foi preso no calor das manifestações de junho de 2013 com produtos de limpeza, acusado de portar materiais inflamáveis para produzir bombas. Estava em liberdade condicional, usando tornozeleira eletrônica, quando foi abordado por policiais na favela onde mora no Rio de Janeiro, em janeiro de 2016.
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O catador de latinhas foi condenado, no final de abril deste ano, a 11 anos e três meses de prisão por associação ao tráfico de drogas, com base apenas na palavra dos policiais que o prenderam. Por isso, uma onda de solidariedade repercute intensamente na internet. Inclusive foi criada uma página no Facebook pedindo a sua libertação.
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O juiz acreditou nos policiais e ignorou o depoimento da única testemunha do caso, Evelyn Barbara, vizinha de Braga. Ela afirmou que viu o rapaz ser abordado sem nada nas mãos e de que ele foi agredido e arrastado para longe.
Hugo Leonardo, vice-presidente do IDDD, afirma que “o jovem é um símbolo da crescente população prisional brasileira. A história de Rafael é semelhante àquelas de tantos outros jovens que não conseguem se livrar de um direito penal cada vez mais amplo e violento. Rafael representa, ainda, o angustiante destino cíclico da população periférica egressa do sistema prisional”.
A exposição ficará em cartaz até 30 de julho, de terça a domingo, das 11h às 20h, com entrada grátis. O Instituto Tomie Ohtake fica, na Avenida Faria Lima 201, em Pinheiros, São Paulo.
Portal CTB – Marcos Aurélio Ruy