Há tempos a cadela do fascismo, que sempre está no cio – como muito bem descreveu Bertolt Brecht, continua concebendo e dando à luz suas crias.
Em mais uma manifestação de ódio, o desocupado Arthur Moledo Do Val, conhecido como Mamãe Falei, e ligado à organização criminosa “MBL” veio a Porto Alegre acompanhado de dois ‘seguranças’, provocar os municipários gaúchos que estão mobilizados contra o parcelamento de seus salários e contra o aumento da alíquota de contribuição à Previdência.
Houve um atrito e um dos “seguranças” do desocupado agrediu um manifestante com um cassetete retrátil. Os três foram detidos e encaminhados à 17ª Delegacia de Polícia.
Essa ação foi mais uma de uma série de outros atos, desvarios pontuados pela absoluta falta de tolerância por parte de um segmento da sociedade que não consegue conviver pacificamente em um estado democrático de direito.
Gente que se identifica com os ideários fascistas da organização criminosa “MBL”.
Pautados pela violência, pela pouquíssima leitura, por nenhum diálogo e por um muito de irracionalidade, acometidos pela “síndrome do touro bravo”, agem como touros correndo pelas ruas de Pamplona na Espanha: ficam totalmente enlouquecidos ao avistar algum indício de cor vermelha, qualquer pauta progressista — ou algo que faça alusão ao socialismo, comunismo ou a qualquer bandeira empunhada pela esquerda.
Não foi a primeira vez que intolerantes desrespeitaram a democracia, e certamente não será a última. Um de seus mentores, o dublê de deputado federal Jair Bolsonaro, talvez o mais destacado representante dessa escória fascista, pendurou à porta de seu gabinete na Câmara um cartaz no qual aparecia o desenho de um cachorro com um osso na boca e a frase “Desaparecidos do Araguaia, quem gosta de osso é cachorro”.
Um desrespeito grotesco para com a dor dos familiares que perderam entes queridos na Guerrilha do Araguaia, e que até hoje perseguem o sagrado direito de sepultar os restos mortais daqueles que lhes são caros.
Grassaram nas redes sociais manifestações de ódio ao ex-presidente Lula quando, em outubro de 2011, foi noticiado por toda a imprensa um diagnóstico de câncer em sua laringe.
Lula venceu a luta contra aquele câncer, e tem mostrado força na luta contra outro câncer: está processando a revista “Veja”, uma das publicações que alimentam o limitadíssimo pensamento fascista do público ao qual se destina.
O fascismo que não esconde seus músculos
“E o fascismo é fascinante deixa a gente ignorante e fascinada
é tão fácil ir adiante e se esquecer que a coisa toda está errada
eu presto atenção no que eles dizem mas eles não dizem nada…” (Engenheiros do Hawaii)
Em 15 de março de 2015 o advogado Alexandre Simões de Mello foi ofendido e agredido fisicamente durante um protesto contra a presidenta Dilma.
Alexandre foi hostilizado por manifestantes enquanto caminhava em direção à sua casa, na região da Avenida Paulista, local onde acontecia a manifestação.
Seu crime: usar uma camiseta vermelha.
Naquela mesma avenida paulista, naquele mesmo 15 de março foram não menos chocantes as imagens das pessoas que se auto-intitulam “cidadãos de bem” posando para fotos ao lado de policiais militares, tristemente célebres pela fama de assassinos.
As imagens feitas com o torturador e assassino “Carlinhos Metralha”, ex-delegado do DOPS durante a ditadura, também chocaram pelo endosso à barbárie que representam.
É como se os fotografados dissessem através das lentes das câmeras: “você não é um assassino, você é o nosso herói.”
Ainda naquele dia 15 foram encontrados bonecos simbolizando Dilma e Lula, enforcados e pendurados em um viaduto durante uma manifestação contra o governo federal na cidade de Jundiaí, no interior do Estado de São Paulo.
Em julho daquele ano surgiram os grotescos adesivos automotivos onde a presidenta Dilma aparecia com as pernas abertas na tampa de combustível desses automóveis.
Uma montagem machista, sexista e de extremo mau gosto, idéia comercializada por uma - pasmem – mulher e cujo uso foi criticado até mesmo por pessoas contrárias ao governo Dilma.
Não nos esqueçamos dos atentados contra a sede do PT em São Paulo, do atentado contra o diretório do PT em Jundiaí , do atentado à bomba contra o Instituto Lula, da invasão pela Polícia Militar no Sindicato dos Bancários em São Paulo, dos ataques à sede do PCdoB e da UNE.
Não nos esqueçamos da morte do militante Hiago Augusto Jatoba de Camargo, de 21 anos, assassinado a golpes de faca enquanto fazia campanha para Gleisi Hoffmann, então candidata do PT ao governo do estado do Paraná.
Relembrando o ascenso do fascismo através das redes sociais
Na internet, mais especificamente nas redes sociais, o caso de uma página chamada “TV Revolta” que arrebatou milhares de acéfalos chamou a atenção justamente pela grande quantidade de “touros bravos”, avessos à cor vermelha, que conseguiu arregimentar com um discurso de ódio absoluto ao PT intercalado por postagens de “utilidade pública” e de auto-ajuda, com apelo para fotos de animais de estimação e pedidos de ajuda como cadeiras de rodas, muletas, doação de órgãos (aliás uma técnica que todas as páginas de ódio e policialescas se utilizam, cooptando assim todo um séquito de incautos).
Desmascarado como pau mandado da direita (vide matéria da Revista Fórum) o ilustre desconhecido João Vitor Almeida Lima, seu criador, retornou ao absoluto anonimato com a mesma rapidez com a qual fez milhares de seguidores de seu esgoto digital.
Quem se lembra dessa pessoa?
Os órfãos daquele esgoto digital encontraram refúgio em outro esgoto tão ou mais fétido e nocivo, mas com finalidades distintas.
“Revoltados On Line” foi um espaço nazi-fascista mantido nas redes sociais pelo empreendedor de esquisitos negócios de nome Marcelo Cristiano Reis. Nota desse que vos escreve: o blog “Limpinho e Cheiroso” fez uma matéria esclarecedora sobre os negócios digamos, “esquisitos” desse tal Marcelo.
Com um discurso tão histérico quanto histriônico “Marcelo” e seus pares fizeram do ódio ao PT no atacado e pela esquerda em geral no varejo uma oportunidade para pedir doações em dinheiro depositadas diretamente em sua conta corrente, além de vender “kits” de camisetas, bonés e adesivos, e recentemente vendem também um boneco inflável da mesma estatura (moral) que seus idealizadores.
Qualquer pessoa dotada de senso crítico percebia que o propósito da página “revoltados on line” era fomentar a comercialização de camisetas, adesivos e outras quinquilharias sob uma pretensa “luta contra a corrupção”.
Com um discurso abstrato, eivado de ódio e sem qualquer base ideológica o mantenedor do esgoto digital teve a ousadia de expropriar o próprio Deus, o (segundo os que têm fé) “Criador do Universo”, e cooptá-lo para sua luta particular contra o governo Dilma, contra o PT e contra qualquer organização com viés progressista.
Ainda na internet também concorrem para a construção do fascismo na mente da população páginas policialescas como “admiradores da Rota”, “Apoio Policial” e “Faca na Caveira”, entre outras, que criminalizam a juventude pobre, preta e moradora da periferia, idolatram o militarismo e tratam questões de cunho social como se fossem questões de Segurança Pública.
Tudo nesses espaços é tratado com truculência, violência, sob um fortíssimo viés machista e o absoluto ódio a qualquer bandeira de representação à esquerda.
Incentivando a violência policial, celebrando a morte de pessoas assassinadas por policiais em supostos enfrentamentos (resistência seguida de morte) esses esgotos digitais seguem simulando prestação de um serviço à população, quando na verdade alimentam o ódio e inoculam um pretenso moralismo dito “cristão” em seus “curtidores.”
Uma das bandeiras que tais páginas fascistas empunham é o derrubada do Estatuto do Desarmamento (Lei nº 10.826 de 2003), que nada mais é do que facilitar o acesso a armas de fogo para a população em geral.
Classificam todos os que militam na defesa dos Direitos Humanos como “defensores de vagabundos”.
Temos ainda o fenômeno dos programas policialescos na TV, assunto que abordei em outro artigo.
Verdadeiros abutres televisivos, esses pseudo apresentadores se colocam como paladinos da moral e dos bons costumes, vivendo às custas da desgraça alheia, de tragédias, chacinas, execuções.
Onze em cada dez fascistas se alimentam dos dejetos produzidos por esses programas.
Entendo que precisamos construir uma resistência objetiva contra esse ascenso das forças conservadoras, cujo mote fascista é claríssimo.
A organização criminosa “MBL” é apenas mais um desses abutres. Fascismo não se tolera - se combate.
Diógenes Júnior é assessor sindical no CPERS-Sindicato – Centro dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul, assessor de Comunicação Social da CTB Educação - RS.
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