Eu estudo sociedades, pessoas, tempos que existiram ou ainda existem pelo globo todo. Estudo formações sociais, poemas, pinturas, músicas, algumas com 10.000 anos de existência.
Artistas, soldados, reis, camponeses, assassinos, políticos, generais, pregadores … enfim … todo o tipo humano.
E até agora, vejam só, eu não sei o que é “dar certo”. Não sei se é viver como Nikola Tesla, inventor que morreu na pobreza tendo estudado a vida inteira. Não sei se é estudar e ser genial como Alan Turing, sendo morto pela sociedade que ajudou a salvar por causa de sua sexualidade. Não sei.
Não sei se é não se formar e ainda assim se tornar bilionário como Bill Gates. Não sei se é vendendo hamburger como Richard e Maurice Mcdonald. Não sei mesmo.
Não sei se é passando para a posteridade com “Lira dos meus vinte anos” e morrendo antes dos 25 ou, como Victor Hugo, que foi escrever “Os miseráveis” com 60 anos.
Não sei se é ficando cego aos 13 anos e virando um pintor de sucesso como John Bramblitt ou regendo a 9a sinfonia surdo no final da vida para receber (sem poder ouvir) os aplausos de todo o teatro. Realmente não sei.
Não sei se é sendo um pacifista e passando a vida lutando pelos direitos dos negros, até ser assassinado, como Martin Luther King. Ou se é morrendo com vinte anos numa praia do norte da França, ao desembarcar de um navio para lutar contra o nazismo, sem que ninguém ficasse sabendo do seu nome, das suas dores, dos seus sonhos.
Aliás, não sabendo tantas coisas mesmo terminando um doutorado eu acho que também não dei certo.
E não dando certo, eu jamais diria a alguém o que é “dar certo”. Nem deixaria alguém pensar que pode dizer quem não deu.
Tudo o que sei é que temos um tempo de existência e devemos responder se demos ou não certo a uma só pessoa, aquela que encaramos no espelho. E só ela pode nos julgar.
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Fernando Horta é jornalista e colunista do Jornal GGN.
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