Seguindo a recomendação da Federação Interestadual dos Empregados dos Correios (Findect), os trabalhadores do Sintect-SP decidiram em assembleia deflagrar uma greve de toda a categoria, começando nesta quinta-feira (27). O encontro aconteceu no CMTC Clube, em São Paulo.
A paralisação seguirá por tempo indeterminado, até que a diretoria dos Correios recue em sua tentativa de retirar direitos já conquistados em negociações anteriores. A greve, apoiada de forma unânime pelos presentes, seguirá no mínimo até o dia 2 de maio, quando uma nova assembleia fará a avaliação do movimento. Entre os encaminhamentos, ficou decidido que os trabalhadores dos Correios participarão tanto das mobilizações do dia 28 de abril quanto no 1º de Maio, quando as centrais farão um ato unitário no MASP com a presença do ex-presidente Lula.
A luta contra a privatização da empresa é um dos principais eixos orientadores da greve (Foto: Joanne Mota/CTB)
Para o presidente do Sintect-SP, Elias Diviza, a participação na greve geral terá um duplo caráter, tanto setorial quanto de interesse geral. “O dia 28 é a greve de todos os trabalhadores e trabalhadoras do Brasil. A empresa tentou dizer que todos os 8.500 trabalhadores parados em São Paulo só estavam fazendo isso pela greve geral – não é só por isso, não! Nós estamos parados para defender nossos empregos, o nosso direito de férias, as condições das agências, e também o de todos os brasileiros!”, disse.
Diviza mencionou a necessidade de fortalecer a campanha salarial, e pediu aos companheiros que usem o período de paralisação para conscientizarem seus colegas e familiares. Ele criticou os Correios duramente por terem voltado atrás em acordos já realizados, como o que regula o usufruto das férias, e conclamou os trabalhadores a se imporem diante do pouco comprometimento da cúpula. “A gente tem que parar para fazer essa empresa nos respeitar, quem faz a empresa somos nós! Nesse momento, a coisa já está judicializada, e os direitos estão mantidos até agosto, mas não podemos baixar a guarda por isso, porque senão eles nos tiram outras coisas”, observou.
Assista abaixo ao discurso completo:
Além de Diviza, se dirigiram ao público o presidente da CTB Nacional, Adilson Araújo, e José Carlos Negrão, do Sindicato dos Condutores de São Paulo.
Adilson parabenizou os trabalhadores por se organizarem contra as reformas de Michel Temer e a tentativa de privatização dos Correios, e os chamou de “vanguarda do sindicalismo brasileiro”. “Vocês não têm a dimensão do que significa isso aqui, do tamanho da nossa responsabilidade para com o destino deste país. O que nos preocupa não é o grito dos maus, mas o silêncio dos bons, e nós não temos motivo nenhum para permanecer em silêncio diante da imposição de uma agenda ultra-liberal”, conclamou, relembrando a dureza dos anos sob Fernando Henrique Cardoso.
“Foi justamente quando a gente começou a acumular forças que eles tomaram o governo de assalto. Está cada vez mais claro que o golpe dado foi um golpe do capital contra o trabalho, por um Parlamento de traidores”, continuou.
Adilson listou as lutas dos trabalhadores do Correios, e as conectou com as preocupações maiores da classe trabalhadora. Retirada de direitos já conquistados, privatizações, reduções salariais – todas são confrontos transversais na conjuntura atual. “Diante disso tudo, eu pergunto: o que nós vamos fazer? Nós temos que fazer a greve geral!!!”.
Já José Carlos Negrão, em sua saudação, fez um pedido de unidade entre as diferentes correntes sindicais neste momento de confronto. Para ele, “parte do que esta acontecendo é por que nos falta unidade. Muitas vezes a gente deixa que as nossas disputas internas fiquem no nosso caminho”.
“O nosso país passa por um grande ataque internacional, mas mais precisamente pra cima dos trabalhadores. Nesse exato momento, 513 deputados estão lá em Brasília votando o fim das leis do trabalho. Este é o momento de encostar os problemas internos e ir para cima desse governo golpista!”, disse, entre aplausos. Ele lembrou da interrupção dos transportes na sexta-feira, que irão dos ônibus e metroviários até serviços mais amplos como o dos ferroviários, dos aeroviários e dos portuários. “A nossa greve geral caminha a passos largos”.
Assista ao discurso de Negrão e Adilson abaixo:
Portal CTB