Importante vitória do sindicalismo médico classista

Entre os dias 20 e 24 de março passado, ocorreram eleições para a renovação da diretoria do Sindicato dos Médicos do Rio de Janeiro (Sinmed/RJ), que completa 90 anos de fundação, sendo o mais antigo sindicato do setor do país.

Há 18 anos, o sindicato é dirigido pelo médico Jorge Darze, apoiador de primeira hora do golpe contra a presidente Dilma Roussef. Por todas as formas possíveis, Darze tentou manter-se no poder à revelia da categoria. Sua última eleição em 2013, contou com a participação de apenas 200 votantes.

No apagar das luzes, em 7 de dezembro do ano passado, a Justiça determinou a intervenção no Sindicato, nomeando uma junta governativa para coordenar o pleito. Isso após o velho pelego ter feito duas tentativas de realizar eleições fraudadas sem o registro de chapa da oposição.

O SinMed/RJ volta para às mãos da categoria médica do Rio de Janeiro sob o comando e a direção do Dr. Jorge Luiz Amaral (Dr. Bigu), da Santa Casa, da rede pública estadual de saúde e professor universitário. Médico há 41 anos, o Dr. Bigué iniciou sua luta em defesa dos trabalhadores em 1977, quando liderou, com Eraldo Bulhões e outros, a primeira greve nacional da categoria em plena ditadura. Ao longos dos anos particpou também de outras tantas lutas e greves, como a de 1981, que culminou com a prisão pelo regime militar do Dr. Roberto Chabo, presidente do Sinmed.

Apesar de todas as manobras dos situacionistas, a vitória da Chapa 2 (oposição) foi expressiva. Eles obtiveram 51% do total de votos, contra 41% da Chapa 1 (situacionista) e da Chapa 3 com apenas 6%. Cerca de 750 médicos e médicas sindicalizados particparam do processo eleitoral. O triplo da eleição anterior.

A Chapa 2 Médicos Unidos, foi muito ampla. Contou com o total apoio da CTB, da CUT e da Frente Brasil Popular. Nós, camaradas cetebistas, depois de 20 anos, voltaremos para a diretoria executiva do Sindicato com a Dra Ana Martha, médica baiana, formada em Cuba. Logo após o triunfo, o Dr. Bigu assim se expressou: “a CTB foi fundamental para a vitória dos Médicos Unidos”.

Não temos dúvida que essa vitória no Sinmed/RJ deverá possibilitar a volta da hegemonia de esquerda ao sindicalismo médico no Brasil, que foi sequestrado por profissionais direitistas, privatistas e apoiadores do golpe de 2016.
Lamentamos profundamente o papel jogado por parte da direção da Federação Nacional (FENAM), nossa entidade federativa. Além abrigar o comitê de campanha da Chapa 1 em sua sub-sede do Rio, destinou cinco diretores, com diárias pagas e demais mordomias, para fazerem campanha desavergonhadamente para a Chapa da situação. Já não bastasse a completa ilegitimidade dessa direção, que vem sendo questionada na justiça, ainda interferem em uma eleição de forma descarada, quando deveriam ficar neutros em situações assim.

Desejamos total sucesso à nova gestão, somando nossas forças e vozes ao nosso movimento médico nacional, classista e combativo em defesa dos interesses maiores da categoria, pelo fortalecimento do SUS e dos interesses do povo brasileiro em defesa do retorno da democracia em nosso país. Parabéns ao companheiro Dr. Bigu e demais lideranças.

José Roberto Murisset é médico, vice-presidente do Sindicato dos Médicos do ABC e ex-secretário de direitos humanos da Fenam


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