Na abertura do 26º Festival de Curitiba, nesta quarta-feira (29), a primeira dama do teatro brasileiro, Fernanda Montenegro, 87 anos, fez uma breve explanação sobre o papel da arte milenar. “Cabe tudo aqui”, disse a atriz.
Porque, “o papel do teatro na sociedade é falar dessa sociedade. É se propor a essa sociedade”, define. “E também receba da plateia a contestação se não concorda e o aplauso se concorda”.
Ela cita fatos ocorridos quando encenava a peça “O Beijo no Asfalto”, de Nelson Rodrigues, que estreou em 1961. Tinha sempre um senhor que entrava e gritava: “Protesto em nome da família”. A diva conta ainda que isso não ocorre mais hoje.
confira a fala da grande atriz:
Hoje, no máximo, se ouve um “Fora Temer”, e a plateia ecoa e aplaude a maior atriz brasileira. A voz de Montenegro se soma a 78% que reprovam o governo Temer, de acordo com pesquisa do Instituto Ipsos, divulgada nesta quinta-feira (30). Além disso, 90% julgam que o país está sendo conduzido no rumo errado.
“O Beijo no Asfalto” foi muito atacada porque um homem encontra outro que foi atropelado e à beira da morte lhe pede um beijo. Desejo atendido. A peça teve adaptações para o cinema com destaque da feita por Bruno Barreto em 1981 (assista ao final).
Já o Festival de Curitiba chega à 26ª edição com 350 espetáculos em cartaz (acompanhe aqui a página do evento). Vai até o dia 9 de abril com apresentações de teatro, dança, shows musicais, performances, reuniões para discussão, oficinas.
Fernanda Montenegro nasceu Arlette Pinheiro Esteves da Silva, em 16 de outubro de 1929, no Rio de Janeiro. Com mais de 60 anos de carreira, começou em novelas de rádios e fez teatro, cinema e televisão. Em 1999, foi indicada ao Oscar de Melhor Atriz, pelo filme “Central do Brasil”, de Walter Salles.
Portal CTB – Marcos Aurélio Ruy
Assista O Beijo no Asfalto, de Bruno Barreto: