Nenhum direito a menos para as trabalhadoras!

A consagração do 8 de março, como dia Internacional das mulheres, foi feita na II Conferência Internacional de Mulheres Socialistas em 1910, em homenagem às operárias de Nova Iorque, queimadas em uma fábrica por reivindicarem redução da jornada e melhores condições de trabalho. Essa decisão se deu em meio a um embate entre duas correntes que se confrontaram nessa conferência de Copenhague.

Uma corrente negava a homenagem às operárias, por entender a luta das mulheres apenas na dimensão específica. Já a outra corrente, liderada por Clara Zetkin e Linza Zeith, defendia a homenagem às operárias, por entender a discriminação das mulheres num contexto social, ligando sua emancipação à perspectiva de uma sociedade socialista. Tinha por base a visão marxista de que a opressão das mulheres coincide com o surgimento da propriedade privada e das classes.

107 anos se passaram da Conferência de Copenhague. A situação da mulher evoluiu positivamente. Mas sua emancipação continua inconclusa. Mantêm-se a distância entre homens e mulheres no que se refere aos salários, acesso a cargos mais qualificados e aos espaços de poder. O capitalismo ainda utiliza a divisão sexual e social do trabalho para obter mais lucros e o machismo permeia a sociedade impondo obstáculos à liberdade feminina.

Para avançar rumo a um futuro melhor é preciso tirar os espinhos da caminhada das mulheres, no plano dos direitos, da vida cotidiana, das políticas públicas, no plano das ideias e do afeto, levando em conta o entrelaçamento de questões ideológicas e subjetivas, que precisam ser enfrentadas desde já e que abarcam classe, gênero e raça.

No Brasil pós-golpe e no mundo capitalista em crise constatamos uma onda conservadora, que visa a retirada das conquistas e frear a caminhada libertadora das mulheres. Por isso este 8 de março repõe fortemente a marca da luta das trabalhadoras contra a exploração capitalista, que quer retirar direitos e fazer reformas como a trabalhista e previdenciária que repercutirão mais cruelmente sobre as mulheres. Também repõe com força a articulação internacional pelos direitos das mulheres, ideia já lançada em 2010. Mulheres em marcha no mundo todo pelo respeito à vida e ao trabalho das mulheres!!!

Respeito à democracia, à vida, ao trabalho e aos espaços de poder para as mulheres será o clamor deste 8 de março!!!

Ana Rocha é Coordenadora do Centro de Estudos e Pesquisa sobre Emancipação da Mulher da UBM


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