Desde sábado (4), familiares de policiais militares acampam em frente aos quarteis da PM do Espírito Santo, impedindo os soldados de trabalharem, segundo os policiais.
Na segunda-feira (6), o governador em exercício César Colnago (PSDB) encerrou o diálogo, exigindo a volta ao trabalho e pediu ao governo federal tropas para fazer a segurança nas ruas.
A partir da manhã desta terça-feira (7), 1.000 homens do Exército e 200 da Força Nacional de Segurança Pública estão nas ruas das grandes cidades.
“A situação da segurança pública em nosso estado está precária já faz tempo”, diz Jonas Rodrigues de Paula, presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil no Espírito Santo (CTB-ES).
Já foram registradas 68 mortes no estado. Também ocorreram inúmeros saques a lojas e supermercados, que fecharam as portas e ataques a ônibus, que só voltaram a circular nesta manhã. “O que envidencia a crise instaurada no país”, afirma De Paula.
Para o presidente da CB-ES, o governo tem obrigação de manter a paz na sociedade capixaba. “A proteção da vida das pessoas e da classe trabalhadora, que é quem mais paga o pato nas crises, é a questão mais importante neste momento crucial”.
Além disso, A CTB-ES divulgou nota na segunda (6) onde afirma que “não é marginalizando um movimento legítimo e, além disso, negar-se às negociações com os servidores públicos, que alcançaremos justiça social” (leia a íntegra aqui).
A violência campeando nas ruas apavorou a população. Escolas ficaram sem aula, postos de saúde fechados, assim como grande parte do comércio.
Uma idosa que acompanhava a irmã em um posto de saúde disse ao G1 que “ninguém teve sossego aqui. Chegaram dois esfaqueados, depois chegaram mais três baleados. Invadiram o posto, roubaram a televisão da pediatria e para fechar as portas foi uma dificuldade”.
Na segunda-feira mesmo, o desembargador Robson Luiz Albanez decretou a paralisação ilegal e determinou multa de R$ 100.000 por dia às entidades sindicais dos policiais. As entidades recorreram dessa liminar nesta terça-feira.
O representante da Associação dos Oficiais Militares do Espírito Santo, major Rogério Fernandes Lima, disse ao G1 que os grevistas foram notificados da liminar na segunda, no final da manhã.
Ele garante, porém, que os advogados das entidades representativas dos trabalhadores e trabalhadoras, “se reuniram e apresentarão uma defesa” nesta terça, recorrendo da decisão do desembargador.
“Nós acreditamos no Estado Democrático de Direito e entendemos que as associações de classe não podem ser responsabilizadas pela multa aplicada pela justiça porque não fomos nós que organizamos o movimento de impedimento dos policiais saírem para as ruas”, afirma Lima.
Ele diz ainda que “é preciso deixar claro que as associações fizeram uma interlocução com o governo do estado desde o ano de 2015, apresentamos propostas que não oneram os cofres públicos e não recebemos nenhuma resposta do governo”.
Os PMs reivindicam aumento nos salários, pagamento de benefícios e adicionais e criticam as más condições de trabalho. Dizem que recebem “o pior salário do Brasil”. O piso salarial da categoria é de R$ 2.740 para um efetivo de 10.000 trabalhadores e trabalhadoras.
Portal CTB – Marcos Aurélio Ruy com agências. Foto: Estadão