O movimento de ocupação de escolas pelos estudantes começou no dia 3 de outubro e cresce diariamente no Paraná. “As ocupações começaram em São José dos Pinhais (na Grande Curitiba) contra a reforma do ensino médio (Medida Provisória 746) e a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) 241”, diz Matheus dos Santos, o Montanha, presidente da União Paranaense dos Estudantes Secundaristas (Upes).
O líder estudantil explica que a PEC congela os investimentos em educação e saúde por 20 anos e isso “afeta profundamente a vida da juventude, principalmente porque as nossas escolas já estão precárias, imagina sem mais investimentos”.
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“Os estudantes estão organizando os movimentos de forma espontânea, porque ninguém aguenta mais tanto descaso com a educação”, diz Camila Lanes, presidenta da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes).
A professora Rosa Pacheco, da coordenação-geral do núcleo da CTB-PR Educação em Cascavel (interior do estado), conta que 98% das escolas já estão ocupadas na cidade, que “deve chegar aos 100% por estes dias”. De acordo com ela, os educadores do estado apoiam integralmente os estudantes.
Já a secundarista Arizla Nathally Fernandes de Oliveira, 16 anos, do Colégio Estadual André Andreatta, em Quatro Barras, também no interior do estado, afirma que a chamada Primavera Secundarista é a juventude mostrando a sua cara.
“Essa Primavera estudantil que se aflorou no Paraná é uma das mais importantes histórias dos estudantes deste século. O movimento das ocupações ocorre porque estamos lutando pelo que queremos, defendendo nossos direitos. Não aceitamos imposições de governador ou de presidente. Mostramos que os estudantes têm força e não iremos nos calar”, diz a jovem.
Arizla Oliveira segura o cartaz “Fora Beto Richa” com Matheus dos Santos, presidente da Upes ao seu lado
Os estudantes que até o momento ocupam 773 escolas estaduais, 12 universidades e 4 Núcleos Regionais de Ensino mostram-se dispostos a resistir aos projetos governamentais.
O presidente da Upes garante que o movimento seguirá crescendo e que os estudantes estão juntos com os docentes “em defesa da educação pública, com melhores condições salariais e infraestrutura para estudarmos melhor”.
No Paraná, afirma Lanes, os jovens vêm debatendo e se organizando há bastante tempo. “Depois do 29 de abril do ano passado, ficou mais patente a necessidade de resistir aos desmontes da educação pública e dos direitos da juventude no país”.
Por isso, Oliveira acredita que “é importante ocupar porque o governo não irá nos levar a sério se só nos manifestarmos nas ruas, não irá nos ouvir se não fizermos um movimento grande, um movimento que está unindo muitos alunos, pais e professores”.
Conselho Tutelar encontra escolas bem cuidadas
Por determinação do governador Beto Richa, o Conselho Tutelar está realizando visitas às escolas ocupadas. Mas o responsável pela Comissão de Educação do conselho, Jader Geraldo Gonçalves Pinto afirma que encontrou “escolas organizadas, com cartazes para cuidar do patrimônio público e comida e colchões doados pela comunidade, apesar de sentirmos que eles não têm apoio de toda a escola. Os orientamos a manter no bolso a autorização por escrito dos pais”.
Oliveira reclama também da PEC 241 e da MP 746. “Precisamos de uma reforma do ensino médio, mas não essa reforma que estão tentando enfiar goela abaixo da sociedade e sem ouvir ninguém”, diz.
Por isso, “estamos juntos com os educadores nessa luta porque nós somos os mais prejudicados com essa PEC 241 e não adianta Beto Richa (governador do Paraná, do PSDB) vir dizer que somos massa de manobra porque nós temos senso crítico, temos opinião própria para lutar pelos nossos direitos e não iremos desanimar por nada”.
Oliveira diz que é importante “defender a educação por que é o nosso futuro, o futuro dos meus irmãos, dos meus amigos e não podemos deixar de defender com unhas e dentes esse futuro tão incerto que temos nesse Brasil de hoje, enfatizando que estamos fazendo isso para a futura geração entrar em um era que tudo seja diferente, voltado realmente para a educação”.
Greve dos profissionais da educação estadual
Segundo informações da APP-Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Paraná, a paralisação iniciada na segunda-feira (17) já atinge 65% da categoria com tendência ao crescimento.
Acompanhe a greve pelo site do sindicato aqui.
A APP-Sindicato informa que o Paraná conta com 100 mil trabalhadores (as), sendo 70 mil professores (as) e 30 mil funcionários (as) (administrativos, limpeza e merenda escolar. Nesta quarta ocorre nova negociação e a categoria se mantém atenta.
“A greve foi o recurso encontrado para o governo estadual nos ouvir e também para denunciarmos à sociedade os malefícios da PEC 241, que liquida com a educação e a saúde públicas e essa reforma que pretende privatizar o ensino médio”, afirma Rosa Pacheco.
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Portal CTB – Marcos Aurélio Ruy