Ao completar 80 anos nesta terça-feira (11), Antônio José Santana Martins, um dos compositores mais inventivos da música popular brasileira, conhecido como Tom Zé, mantém-se jovem e atual com uma vitalidade que só um artista desse porte poderia esbanjar.
Tanto que acaba de lançar o seu 25º disco de estúdio, “Canções eróticas de ninar – urgência didática”. Bem ao seu estilo experimental e inconfundível. Tanto que ao quase cair no ostracismo nos anos 1980, foi resgatado pelo músico norte-americano David Byrne.
Depois de ser levado por Byrne aos Estados Unidos, o compositor baiano, um dos ícones do tropicalismo (movimento cultural que mesclou correntes artísticas de vanguarda com a cultura pop nacional e estrangeira) voltou a ganhar o mundo.
Senhor Cidadão
O começo de sua vida artística ocorreu em 1968, no show “Nós, Por Exemplo”, em Salvador, juntamente com Caetano Veloso, Gilberto Gil e Gal Costa. o parte para São Paulo, onde fixou residência e adotou essa cidade, inclusive lhe dedicando a música “São São Paulo”. Seu primeiro LP também foi nesse ano “Tom Zé – Grande Liquidação”.
Parque Industrial
Na capital paulista participa do espetáculo “Arena Canta Bahia”, do teatrólogo Augusto Boal, em 1968, e do disco “Panis Et Circenses”, que marca o início do movimento tropicalista.
Tom Zé tem um trabalho experimental, próximo do atonal, onde esbanja poesia concreta e cria uma obra minimalista. Possui um lugar garantido na história da MPB, com um acervo singular para o bem de nossos ouvidos e mentes.
“A música de Tom Zé é diferente de qualquer música brasileira que ouvi até hoje… Expande incessantemente os limites da canção popular, adotando formas inesperadas, que nos surpreendem e encantam, com percepção aguda dos acontecimentos. Olha a grande cidade com olhos – e ouvidos – de poeta. Descobre belezas estranhas. Sua música nos dá esperança”, afirma Byrne.
Tom Zé – Vira Lata na Via Láctea completo
Tom Zé vive nos corações de todos com sua irreverência eternamente jovem. Com sua perspicácia sempre com uma novidade. Com a vida que flui e respira liberdade. Como nos versos de “Esquerda, grana, direita”: “Um lápis e uma régua, um resfriado me pega/Um flash quase me cega, um memorando que nega/Um vento forte um chuvisco, no olho me entra um cisco/Um som de casa de disco, uma cobrança do fisco”.
Portal CTB – Marcos Aurélio Ruy. Foto: André Conti