Com o pretexto de que a Venezuela não adotou as regras estabelecidas pelo Mercosul (Mercado Comum do Sul), os chanceleres dos países fundadores do bloco (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai) decidiram que sua presidência não será exercida pelo país bolivariano conforme cronograma, mas por meio de uma coordenação conjunta.
Em nota divulgada pelo Itamaraty, na última terça-feira (13), os quatro países também ameaçaram suspender o país do bloco. “Em 1º de dezembro de 2016, a persistir o descumprimento de obrigações, a Venezuela será suspensa do MERCOSUL”, diz a declaração assinada pelo ministro das Relações Exteriores do Brasil, José Serra.
Em julho deste ano, o Uruguai encerrou a presidência rotativa do Mercosul que, segundo a ordem alfabética, regra definida pelo bloco, deveria ter sido passada para a Venezuela, porém a Argentina, Brasil e Paraguai se opuseram à transferência.
Atitude rechaçada por diversas organizações, entre elas a CTB e a Federação Sindical Mundial para o Cone Sul, que emitiram comunicados denunciando a iniciativa contra o governo venezuelano de Nicolás Maduro.
Para o acordo, os três países votaram a favor de uma presidência colegiada, já o Uruguai se absteve. Em seu twitter, a chanceler venezuelana, Delcy Rodríguez, repudiou a decisão. “A Venezuela, em exercício pleno da presidência pró-tempore do Mercosul e em resguardo de seus tratados rechaça a declaração da Tríplice Aliança [Brasil, Argentina e Paraguai]”, segundo ela, esta declaração vulnera a legalidade da organização.
Venezuela, en ejercicio pleno de la Presidencia Pro Témpore de MERCOSUR, y en resguardo de sus Tratados, rechaza declaración Triple Alianza
— Delcy Rodríguez (@DrodriguezVen) 14 de setembro de 2016
Esta Declaración de la Triple Alianza del gobierno de Argentina, Paraguay y de facto de Brasil, vulnera la legalidad de la organización
— Delcy Rodríguez (@DrodriguezVen) 14 de setembro de 2016
Para o secretário de Relações Internacionais da CTB, Divanilton Pereira, esta é mais uma ofensiva das forças conservadoras e do imperialismo estadunidense contra os governos progressistas. “Depois do Brasil, o principal alvo da direita latino-americana é a Venezuela”, alerta o sindicalista.
Sobre a alegação de que o país teria descumprido compromissos assumidos no Protocolo de Adesão ao Mercosul, assinado em Caracas em 2006, Delcy declarou: “Em breve, vamos expor a verdade sobre o acervo normativo da Venezuela e do resto dos países-membros, assim como as ações para proteger o Mercosul”. Segundo ela, seu país não permitirá violações aos tratados do bloco. Ela denunciou ainda que esta tentativa de destruir Mercosul é um reflexo da “intolerância política e desespero dos burocratas”.
Pronto expondremos LA VERDAD sobre acervo normativo d Venezuela y del resto dlos Estados Parte, así como las acciones para proteger MERCOSUR
— Delcy Rodríguez (@DrodriguezVen) 14 de setembro de 2016
En MERCOSUR las decisiones se adoptan por CONSENSO y respetando las normas de funcionamiento. No permitiremos violaciones a los Tratados
— Delcy Rodríguez (@DrodriguezVen) 14 de setembro de 2016
Pretender destruir MERCOSUR mediante artimañas antijurídicas es reflejo dla intolerancia política y desesperación d burócratas
— Delcy Rodríguez (@DrodriguezVen) 14 de setembro de 2016
Érika Ceconi – Portal CTB