Dilma brilhou no Senado, como vem brilhando, aliás, desde que decidiu enfrentar com bravura os punhais de seus algozes.
Nós sabemos, desde o início, que estamos do lado certo – o lado da democracia, como disse a Presidenta eleita e única que por nós será reconhecida até 2018 – mas a fala contundente e corajosa de Dilma serviu para selar esse sentimento com maestria.
A voz hesitante sumiu: Ela já não gagueja. Os dias difíceis enfrentando traidores, conspiradores e misóginos rendeu-lhe serenidade. A fala firme, segura, tranquila e pouco afetada tem uma motivação que golpista algum jamais experimentou: Consciência limpa.
A presidenta não agride, não desrespeita e não se exalta, o que é no mínimo admirável, considerando a revolta que habita tão violentamente a cada um de nós diante do circo político televisionado promovido por uma quadrilha de golpistas e descaradamente defendido por uma parcela considerável da população brasileira.
A postura altiva e franca de Dilma – uma postura de quem não tem do que se envergonhar – representa uma analogia triste com a postura de todas as mulheres brasileiras, que, embora lamentem o esfacelamento da democracia, sentem-se, como nunca, representadas por uma Presidenta corajosa e justa.
A misoginia embutida no golpe é, como já dissemos, a mesma misoginia cotidiana da qual todas nós somos vítimas, e resistimos com a mesma bravura elegante de nossa incondicional representante.
É assim, canalhas, que vocês estão produzindo cruel e involuntariamente mulheres incríveis: violentando-as. Vocês nos derrubam e nós levantamos mais fortes, vocês nos matam e nossas semelhantes resistem, vocês tentam nos diminuir e nós só crescemos, vocês nos desprezam e só o que conseguem é se mostrarem cada vez mais desprezíveis.
Desprezíveis não apenas porque conspiram contra a democracia e o povo brasileiro, mas porque fogem como ratazanas, porque não honram as calças que vestem, porque envergonham a Nação em todas as suas virtudes.
Somos, portanto, para a nossa vergonha, o Brasil de Eduardo Cunha, de Michel Temer e de Aecio Neves, mas somos também o Brasil de Erudina, de Vanessa Grazziotin, de Jandira Ferghali e de Dilma Rousseff.
Somos o Brasil das brasileiras que resistem. E hoje, apesar de tudo, é um belo dia para ser mulher brasileira porque nossas heroínas não se calaram, como nós mesmas jamais nos calamos. Porque a nossa Presidenta não fugiu e não renunciou – cumpriu, até o fim, o seu compromisso com a democracia pela qual tanto lutou e, sobretudo, com o povo brasileiro.
As ratazanas golpistas fogem, conspiram e protegem-se com escudos sórdidos. A presidenta ilibada fica e enfrenta.
E para nós, brasileiros ultrajados, resta a certeza reconfortante: A história se lembrará de Dilma Rousseff como a representação máxima da força e da coragem da mulher brasileira.
Nathalí Macedo é colunista do blog Diário do Centro do Mundo, autora do livro “As Mulheres que Possuo”, feminista, poetisa, aspirante a advogada e editora do portal Ingênua.
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