O portal russo de jornalismo Russia Today publicou nesta terça-feira (30) um artigo em que analisa a situação política do Brasil, e não poupou palavras para qualificar a presidenta eleita Dilma Rousseff: “Uma mulher de honra, confronta um Senado de canalhas”.
O artigo original pode ser acessado aqui.
O texto, assinado pelo analista geopolítico Pepe Escobar, diz que a presidenta “se defendeu com honra e dignidade”, mas atesta para o destino de quase certa aprovação do impedimento. “Dilma deixou o Senado de cabeça erguida, depois de exortar os senadores a votar com suas consciências. A maioria dos políticos presentes provavelmente não têm ideia do que significa ‘consciência’; não são mais que mensageiros corruptos. Mas o inconsciente coletivo brasileiro será marcado”, analisou. Para Escobar, as respostas de Dilma não foram para o plenário, mas para o “anjo da História” – uma figura de linguagem cunhada pelo teórico Walter Benjamin, ao se referir ao entendimento futuro da questão momentânea.
O Russia Today reverbera os mesmos argumentos que nos últimos dias foram colocados pelo Guardian, pelo New York Times, pelo Le Monde, pela Deustche Welle e dezenas de outros veículos seminais pelo planeta. Em primeiro lugar, enfatiza a grande ironia de ver uma presidenta sem histórico de corrupção ser julgada por senadores com dezenas de processos nas costas. Mais adiante, ataca a fraqueza da acusação central do processo: “Não existe argumento técnico-burocrático que seja capaz de provar que a presidente deve ser impedida por conta de manobras fiscais, já que não puseram um centavo nos bolsos dela nem prejudicaram o Tesouro”.
Pepe conclui: “Se tivéssemos que confiar em uma única formulação para explicar essa farsa para a audiência global, seria esta: o atual golpe parlamentar/ institucional/ empresarial/ financeiro/ midiático é uma ferramenta usada pelos oligarcas brasileiros para destruir o impulso de distribuição de renda que precedeu, via presidente Lula, a crise global do capitalismo, provocada pelos EUA em 2008”. Em seguida, evoca uma previsão sombria do sociólogo Emir Sader, que afirmou recentemente acreditar em um futuro de “grande conflito político e social”.
“Bem-vindo ao Brasil pós-golpe”, diz o artigo. “Terra de crise permanente, com um governo corrupto, sem poder e ilegítimo, recessão econômica e desemprego. Tudo o que o Brasil construiu de positivo neste século será jogado fora pelo golpe”.
Portal CTB