Na etapa final do julgamento, artistas e intelectuais pedem a anulação do impeachment

Susan Sarandon, Viggo Mortensen e Noam Chomsky apoiam Dilma contra o golpe

Vários artistas estrangeiros lançaram nesta quarta-feira (24) um manifesto em defesa da democracia brasileira. Contra o golpe em marcha no país, disfarçado de impeachment da presidenta eleita pelo voto popular, Dilma Rousseff.

“Estamos preocupados com o impeachment de motivação política da presidenta, o qual instalou um governo provisório não eleito. A base jurídica para o impeachment em curso é amplamente questionável e existem evidências convincentes mostrando que os principais promotores da campanha do impeachment estão tentando remover a presidenta com o objetivo de parar investigações de corrupção nas quais eles próprios estão implicados”, diz trecho do manifesto (leia a íntegra no final do texto).

Assinam o manifesto o cineasta Oliver Stone, a atriz Susan Sarandon, o ator Viggo Mortensen, o ator Danny Glover, o linguista Noam Chomsky, o compositor Brian Eno, a estilista Vivienne Westwood, entre diversas outras personalidades.

Também na quarta-feira, intelectuais brasileiros encaminharam uma petição ao presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski pedindo a anulação do processo de impeachment contra a presidenta Dilma.

Assinam a petição o escritor Fernando Morais, os jornalistas José Trajano e Alípio Freire, os professores universitários Stella Maris de Freitas e Laymert Garcia dos Santos, entre outros. O texto da petição acusa Eduardo Cunha de “desvio de poder e ofensa à moralidade administrativa”.

Além de apontar “interferência externa, deslealdade processual, ausência de liberdade de julgamento e abuso de poder” (leia a íntegra aqui).

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Canta a Democracia

O show “Canta a Democracia” (acesse página do Facebook aqui) reuniu inúmeros artistas para cantar a liberdade no Circo Voador, no Rio de Janeiro e no Apollo Theater, em Nova York.

Entre muitos outros artistas, participaram Wagner Moura, Bebel Gilberto, Fernando Morais, Letícia Sabatella, Tico Santa Cruz, Zélia Duncan, Bia Lessa, Ernesto Neto, Sérgio Sérvulo da Cunha, Márcia Tiburi, Edgard Scandurra, Tata Amaral, Arrigo Barnabé, Roberto Amaral e Daniel Filho.

Artistas interpretam “A Farsa” no “Canta a Democracia” 

“Canta a Democracia é o nome do espetáculo e também da campanha que coloca no palco artistas e grandes nomes da cultura brasileira que querem defender os direitos de todo cidadão brasileiro. O Brasil das mulheres. Dos negros. Dos cidadãos LGBT. Dos indígenas. O Brasil dos trabalhadores, dos aposentados, dos estudantes, de todos nós. O Brasil que já teve importantes conquistas e não pode, de forma alguma, voltar para trás. Um país que tem de preservar o que já conseguiu com muita luta. Um país que tem de assegurar o direito do voto. Um país que diz não ao golpe”, afirma o manifesto do evento.

Leia a íntegra do manifesto dos artistas e intelectuais estrangeiros:

Nos solidarizamos com nossos colegas artistas e com todos aqueles que lutam pela democracia e justiça em todo o Brasil

Estamos preocupados com o impeachment de motivação política da presidenta, que instalou um governo provisório não eleito. A base jurídica para o impeachment em curso é amplamente questionável, e existem evidências convincentes demonstrando que os principais promotores da campanha do impeachment estão tentando remover a presidenta com o objetivo de parar investigações de corrupção nas quais eles próprios estão implicados.

Lamentamos que o governo interino no Brasil tenha substituído um ministério diversificado, dirigido pela primeira presidente mulher, por um ministério compostos por homens brancos, em um país onde a maioria se identifica como negros ou pardos. Tal governo também eliminou o Ministério das Mulheres, Igualdade Racial e dos Direitos Humanos. Visto que o Brasil é o quinto país mais populoso do mundo, estes acontecimentos são de grande importância para todos os que se preocupam com igualdade e direitos civis.

Esperamos que os senadores brasileiros respeitem o processo eleitoral de 2014, quando mais de 100 milhões de pessoas votaram. O Brasil emergiu de uma ditadura há apenas 30 anos, e esses eventos podem atrasar o progresso do país em termos de inclusão social e econômica por décadas. O Brasil é uma grande potência regional e tem a maior economia da América Latina. Se este ataque contra suas instituições democráticas for bem sucedido, ondas de choque negativas irão reverberar em toda a região.

Assinam:

Tariq Ali – Escritor, jornalista e cineasta

Harry Belafonte – Ativista, cantor e ator

Noam Chomsky – Professor emérito de Linguística no MIT, teórico e intelectual

Alan Cumming – Ator e autor

Frances de la Tour – Atriz

Deborah Eisenberg – Escritora, atriz e professora

Brian Eno – Compositor, cantor, artista visual e produtor

Eve Ensler – Dramaturga, autora de “Os Monólogos da Vagina”

Stephen Fry – Locutor de rádio, ator, diretor

Danny Glover – Ator e diretor de cinema

Daniel Hunt – Produtor musical e cineasta

Naomi Klein – Escritora e cineasta

Ken Loach – Cineasta

Tom Morello – Músico

Viggo Mortensen – Ator e músico

Michael Ondaatje – Novelista e poeta

Arundhati Roy – Autora e ativista

Susan Sarandon – Atriz

John Sayles – Roteirista, diretor e novelista

Wallace Shawn – Ator, dramaturgo e comediante

Oliver Stone – Cineasta

Vivienne Westwood – Estilista

Marcos Aurélio Ruy – Portal CTB com agências

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