A CTB participa da 105ª Conferência Internacional do Trabalho, principal reunião da Organização Internacional do Trabalho, quem acontece em Genebra até o dia 10 de junho. Além de cumprir os objetivos temáticos dessa sessão, a delegação da CTB elegeu como prioridade política denunciar aos 185 países participantes, o golpe político em curso no Brasil.
Como destaca Divanilton Pereira, Secretário de Relações Internacionais da CTB e Coordenador da FSM Cone Sul. “Disputados essa narrativa contra a estrutura montada pela ilegítima e direitista política externa brasileira, apoiada, infelizmente, por algumas organizações sindicais do Brasil que aqui participam. A CTB não dá legitimidade ao governo golpista!”, reforça o dirigente.
O primeiro enfrentamento aconteceu nas primeiras reuniões da Comissão, quando um diplomata brasileiro tomou a fala para se referir à situação política brasileira, assinalando no seu discurso que as manifestações contrárias ao governo Temer se baseiam em um julgamento político sobre procedimento constitucional. Sua fala teria sido feita a mando de José Serra, ministro das Relações Internacionais.
Membros da bancada dos trabalhadores brasileiros presentes na reunião do Comitê se levantaram do plenário para denunciar o golpe de estado. Delegados que representam trabalhadores e sindicatos de mais de 100 países somaram o coro em protesto ao governo brasileiro.
A presidente da sessão, Cecilia Mulindeti-Kamanga, interrompeu o diplomata, alegando que o representante do governo infringiu as regras da Conferência ao tratar de assunto fora da pauta. O governo brasileiro teve sua fala cortada na Conferência como sanção pela infração cometida.
Não ao golpe
De acordo com os sindicalistas, “os debates e discussões prosseguem em todas as outras comissões quando organizações e governos caracterizam, como nós, o golpe em nosso país. De plantão, a representação governamental brasileira apela para direitos de respostas, mesmo que antirregimentais”.
Esse exemplo dessa afirmação foi quando o Secretário Geral da Federação Sindical Mundial (FSM), George Mavrikos, em sua exposição ao plenário da ONU solidarizou-se com a luta dos trabalhadores franceses, venezuelanos, palestinos, sírios e a luta contra o golpe no Brasil.
Após sua fala, o interino governo tentou contestar lendo um pequeno texto padrão, que foi rechaçado por parte do plenário. “Diante de tal atitude, Mavrikos retomou o microfone e enfrentou as mentiras orientadas pelo golpista José Serra. O presidente dos trabalhos chamou a segurança para intimidação e a sessão foi encerrada”, descreveu Divanilton Pereira.
Outro momento de tensão aconteceu quando o ilegítimo Ministro do Trabalho, Nogueira de Oliveira, ocupou a tribuna para pronunciar-se. Imediatamente a delegação da CTB levantou os cartazes em diversos idiomas do Fora Temer! Apoiadores estrangeiros e a CUT também o fizeram. Após sucessivas interrupções e ação da segurança, a CTB, em protesto, boicotou a palavra golpista do Ministro.
CTB em defesa dos direitos da classe trabalhadora
A delegação composta pelos dirigentes Assis Melo, Carlos Muller, Divanilton Pereira, Eremi Melo, Jenny Dauvergne, José Adilson Pereira, Magnus Farkatt, Márcio Ayer, Rogerlan Morais e Virgínia Barros atua em diversas comissões e debates no sentido de contribuir para as discussões de temas pertinentes à classe laboral.
No setor de transporte, coube ao delegado técnico da CTB, o portuário e secretário adjunto de relações Internacional da CTB, José Adilson, discursar em nome na sessão plenária da conferência. Leia na íntegra o discurso.
No setor de transporte, a conferência consagra importantes alterações em duas convenções do trabalho marítimo. Uma incluiu dispositivos que inibem o assédio a bordo de navios e outra trata da identificação dos marítimos. Esta prevê que a identificação internacional dar-se-á através de chips. Trabalho coordenado pelo vice-presidente nacional da CTB, Severino Almeida, e acompanhado nesta sessão pelo marítimo Carlos Muller.
No debate sobre a questão de gênero, coube a educadora Rogerlan Morais (SAAE-MG), a exposição especial que orientou os debates. Uma importante contribuição para que o sindicalismo classista enfrente a defasagem de representatividade das mulheres nas instâncias e direções sindicais.
O dirigente da CTB e presidente do Sindimetal Caxias do Sul, Assis Melo, RS, apresentou uma contundente denuncia e convocou novas reações políticas em âmbito nacional e internacional em defesa da democracia no Brasil. A atividade contou com a participação de inúmeras organizações de vários países, que deram declarações de solidariedade e apoio à esta luta.
17º Congresso da FSM em Durban
Dentro da programação classista ocorreu ainda uma plenária, que debateu a realização do 17º Congresso FSM, entre os dias 05 e 08 de outubro, em Durban, África do Sul.
Com a participação de mais de 160 sindicalistas de todos os continentes, George Mavrikos contextualizou a realização do 17º congresso, inserindo-o sob os efeitos de mais uma grave crise capitalista. Apresentou os documentos que nortearão os debates e orientou o aprofundamento do estudo sobre eles.
Durante a atividade, os delegados contribuições com propostas, inclusive a CTB, através de seu secretário de relações internacionais, destacando a importância estratégica desse evento para o sindicalismo classista em nível mundial.
Nos próximos dias, a CTB participará ainda nos encontros do BRICS Sindical e da Confederação Sindical dos Países da Língua Portuguesa (CSPLP).
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