Ao longo de seus 48 anos de luta e conquistas para o homem e a mulher do campo, a Fetaemg sempre defendeu a democracia, a inclusão social e combateu a restrição ou retirada de direitos da classe trabalhadora. Nesse sentido, enquanto representante legítima dos trabalhadores (as) rurais, assentados da reforma agrária, agricultores (as) familiares e assalariados (as) rurais, a Fetaemg repudia os últimos acontecimentos políticos no Brasil.
Representamos mais de 1,2 milhão trabalhadores e trabalhadoras rurais, com a filiação de 529 Sindicatos, o que nos coloca como a maior Federação de Trabalhadores do Brasil, nesse momento histórico, reafirmamos o compromisso de defender os interesses de nossa categoria, e ao mesmo tempo, enxergando com preocupação o imenso desafio que nos é apresentado. Infelizmente, o cenário atual revela que a nossa luta prioritária neste momento é garantir a manutenção de direitos adquiridos ao longo de anos.
A extinção do Ministério da Previdência Social e a sua incorporação ao Ministério da Fazenda é um retrocesso para todas as categorias profissionais e para os aposentados e pensionistas do campo e da cidade. O Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) foi uma importante conquista da Agricultura Familiar brasileira. Com a sua extinção, depois de cerca de 21 anos de existência, o governo promove uma ruptura no desenvolvimento e fortalecimento da agricultura familiar, que responde por mais de 70% da produção de alimentos da cesta básica dos brasileiros, além de gerar 77% dos empregos no setor agrícola. O prejuízo não será apenas para a agricultura familiar, mas também para os assentamentos de reforma agrária e para o crédito fundiário, para a regularização fundiária, para o desenvolvimento territorial e outras ações que garantiam o desenvolvimento rural sustentável e solidário que conquistamos nos últimos anos. Vemos como retrocesso também a extinção do Ministério das Mulheres, Direitos Humanos, Igualdade Racial e Juventude, que passa a integrar o Ministério da Justiça.
O momento exige de todos nós, integrantes do Movimento Sindical de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais, clareza e organização para pautar as nossas mobilizações. O que está em jogo é a democracia brasileira, o futuro do Brasil e a garantia de que os direitos trabalhistas e previdenciários, duramente conquistados ao longo dos anos, não serão violados.
O cenário atual também nos remete para a importância de termos representantes na Câmara e no Senado que compactuem com as nossas bandeiras de luta. O meio rural precisa ser mais valorizado e a reforma agrária e a agricultura familiar precisam continuar avançando.
Muitos dirigentes desconhecem a sua força de articulação, e com os desafios que teremos que enfrentar, acredito que o Movimento Sindical de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (Contag, Federações e Sindicatos) e também nossa Central de Trabalhadores (as) do Brasil (CTB) se tornarão mais forte e organizados para fazer, de forma orquestrada, as suas mobilizações em defesa dos interesses do homem e da mulher do campo.
Finalizo dizendo que o desafio está aí. Vamos levantar a cabeça e unificar nossas forças. Acredito que temos capacidade para vencer mais essa batalha e sairmos ainda mais fortalecidos, sem perdas de direitos.
Vilson Luiz da Silva é presidente da Fetaemg