A sétima edição do Encontro Sindical Nossa América (ESNA) começa nesta quinta-feira (31) em Montevidéu, no Uruguai, com a participação de sindicalistas de todo o continente americano. Um ato em defesa da democracia no Brasil está marcado para às 18 horas, logo após a cerimônia de abertura do evento, em frente à embaixada brasileira.
Com o lema “Unidade de ação dos trabalhadores”, o encontro focará na criação de uma estratégia comum de resistência à forte ofensiva neoliberal que vem ameaçando direitos e garantias da classe trabalhadora em muitos países.
A Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil-CTB estará representada no evento por seus dirigentes João Batista Lemos, vice-presidente da Federação Sindical Mundial (FSM), e Divanilton Pereira, secretário de relações internacionais da central e coordenador da FSM Cone Sul.
Para Divanilton, neste momento é importante fortalecer a unidade classista em benefício da democracia, dos direitos sociais e contra os tratados do pacífico e do TISA. “Esse conjunto articulado de ações imperialistas exige uma reação também organizada e, sobretudo, unitária daqueles que se contrapõem ao poder dos EUA e de seus aliados em nosso continente”, afirma.
Entre as graves questões que estarão em debate no Esna, destaque para a defesa do direito à greve e a crescente criminalização das lutas sociais em curso nas Américas. Estes assuntos, bandeiras genuínas do movimento sindical e social, ganham prioridade devido ao retrocesso político e à crise econômica que têm agravado a condição de vida das trabalhadoras e trabalhadores em países como Uruguai, Honduras, Argentina, Brasil, entre muitos outros.
O encontro sindical também irá debater os tratados de livre comércio, políticas de integração dos povos e a construção de estratégias de resistência e enfrentamento da ofensiva conservadora. Para o sindicalista uruguaio e coordenador político do Esna, Leonardo Batalla, após mais de uma década de avanços, a classe trabalhadora na América se encontra agora em um momento decisivo.
“Ou se aprofunda e fortalece seus vínculos com as grandes maiorias populares construindo uma alternativa rumo a uma sociedade mais justa e solidária ou se alia às elites nacionais, às multinacionais e ao imperialismo norteamericano, conduzindo nosso continente a um retrocesso histórico”, diz ele.
Leia abaixo uma análise da conjuntura atual assinado por Batalla e outros dois colaboradores do Esna, Marcelo Abdala e Jorge Bermudez, respectivamente o secretário-geral e o secretário de relações internacionais da central sindical uruguaia PIT CNT.
Trabalhadoras e trabalhadores em construção de uma alternativa à crise do capitalismo mundial
A ofensiva do capital se intensifica com a continuidade da crise mundial do capitalismo e se manifesta com gravíssimas consequências para os trabalhadores e trabalhadoras de todo o planeta. É uma realidade a diminuição dos salários, a flexibilidade e precarização do trabalho, a terceirização e toda forma de super exploração, agravada com o desemprego, o subemprego e a marginalização social dos trabalhadores e trabalhadoras, com piora da condição de suas famílias.
Porém, não apenas se manifesta a crise no mundo do trabalho, como também se expressa nos recorrentes processos de migração protagonizados por milhões de pessoas em todo planeta por razões econômicas, políticas e de guerras. Trata-se de um processo continuado de empobrecimento que afeta as populações de todo o mundo. O momento atual da luta de classes se revela com a subordinação crescente do trabalho, da natureza e da sociedade ao capital e ao seu programa máximo: a desregulamentação total.
Tudo isto pode ser observado na recente aprovação do Tratado Transpacífico, TPP, nos avanços da Aliança do Pacífico, o TISA e outros acordos de livre comércio que favorecem a acumulação capitalista e a dominação imperialista. Os diferentes processos de transformação social que ocorreram em nosso continente nos últimos anos estão em um momento histórico.
Pode-se dizer que se encontram em um momento de inflexão: ou se aprofundam e fortalecem seus vínculos com as grandes maiorias populares construindo uma alternativa rumo a uma sociedade mais justa e solidária ou se aliam às elites nacionais, às multinacionais e ao imperialismo norteamericano, conduzindo nosso continente a um retrocesso histórico.
Por isso, as trabalhadoras e trabalhadores precisam construir uma contraofensiva popular em âmbito continental e mundial para superar a condição defensiva a que nos submete a estratégia do capital dominante. Desde 2008, vimos propondo no ESNA a unidade de ação do movimento trabalhista mundial, necessária para enfrentar de forma eficaz as condições em que hoje se manifestam o mecanismo de exploração capitalista. Sustentamos que estamos desafiados a construir os mecanismos de resistência e fortalecimento do poder popular além dos limites dos territórios em que atuamos.
E é este também o objetivo que renovamos nesta sétima edição do ESNA em Montevidéu, no Uruguai, com um convite às organizações de trabalhadores e trabalhadoras de todo o mundo a discutir uma estratégia comum. Propomos avançar na organização e luta do movimento trabalhista para enfrentar o projeto de poder e aspiramos pôr fim ao pagamento da conta da crise mundial que hoje recai sobre a classe trabalhadora e criar condições para assumir um projeto social pela emancipação social.
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