Os recentes fatos envolvendo a política brasileira deram aos atos que serão organizados no próximo dia 18 de março, em todo o país, uma importância fundamental. Não é exagero dizer que o futuro da democracia no Brasil será definido a partir dessa data.
Se o povo demonstrar que não aceitará o golpe de Estado atualmente em curso, há boas chances de impedir o movimento capitaneado pelas forças conservadoras do país (com destaque para o setor rentista, a mídia hegemônica, parte do empresariado e líderes políticos que carregarão para sempre a pecha de golpistas em suas biografias).
É impossível negar a grandiosidade das manifestações do último domingo, quando milhões de pessoas foram às ruas protestar. A democracia garante a qualquer cidadão esse direito, mesmo que a maioria esteja ali sem conseguir mensurar a irresponsabilidade de tal gesto. No entanto, a história (tanto do Brasil quanto de outras nações) mostra que nem sempre o rumo tomado por grandes contingentes é o mais correto.
Dois rápidos exemplos sustentam esse ponto de vista. No Brasil, centenas de milhares de pessoas foram às ruas em 1964, com o apoio de diversos setores civis da sociedade (mídia e empresários, em especial), para protestar contra o então presidente João Goulart. Os militares que vieram a dar o Golpe em 31 de março não o fariam seu esse respaldo. Na Alemanha, Hitler chegou ao poder por vias democráticas e com forte apoio popular. Em 1938, o líder nazista chegou a ser reconhecido pela revista norte-americana “Time” como “o homem do ano”. Em pouco tempo o mundo conheceria com maiores detalhes os fundamentos de sua política genocida.
Evidências desse tipo de movimentação antidemocrática não podem mais ser ignoradas. Em menos de dez dias, vimos a Polícia Militar de São Paulo invadir o Sindicato dos Metalúrgicos de Diadema; em seguida, a União Nacional dos Estudantes e o Partido Comunista do Brasil tiveram suas sedes atacadas pela intolerância golpista. É preciso repudiar com ênfase esse tipo de violência e garantir que os culpados por tais atos não permanecem impunes.
O movimento sindical não pode fugir de sua responsabilidade neste momento. Os metalúrgicos e metalúrgicas, por sua importância para a economia nacional e por sua capacidade de organização, devem estar na linha de frente em defesa da democracia. Cada sindicato e cada fábrica devem servir como um ponto de resistência perante o golpe em curso, cujas terríveis consequências certamente recairão sob a classe trabalhadora.
Não se trata mais apenas de defender Dilma Rousseff ou Luiz Inácio Lula da Silva, tampouco o legado de seus governos. O fortalecimento do discurso golpista exige de nós, democratas e defensores dos interesses populares, uma resposta à altura nesta sexta-feira, 18 de março, pois as consequências de um golpe são inimagináveis. Não temos o apoio da mídia e nem de organizações milionárias, mas nossa militância precisará provar nas ruas que está pronta para impedir qualquer retrocesso.
Marcelino Rocha é presidente Fitmetal e da CTB-MG.
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